O advogado Magalhães e Silva afirmou esta sexta-feira que o juiz Ivo Rosa demonstrou “estar imune” à pressão externa da Operação Marquês e salientou que a sua decisão instrutória “não deve causar o menor alarme social”.

“Concordando-se ou não com a decisão instrutória de hoje, é inequívoco que se há juiz que está imune à pressão externa que sobre ele se faz é, efetivamente, o doutor Ivo Rosa”, afirmou o advogado no canal TVI.

Segundo Magalhães e Silva, a decisão instrutória anunciada esta sexta-feira “não pode e não deve causar um menor alarme social”, tendo em conta que dá uma “resposta bem firme aquela que é a perplexidade e inquietação das pessoas” sobre este caso.

“Se se vai comprovar em julgamento, logo veremos, mas, neste momento, o que está certo, em face da seriedade da análise que foi feita, é que existe uma suspeita muito forte e muito consolidada de onde vieram os dinheiros para uma vida faustosa e o que é que se passava nas relações entre o engenheiro Sócrates e o engenheiro Santos Silva”, afirmou.

“Isso é uma excelente resposta ao alarme social que existe em relação ao que esteve em causa durante sete anos a fio”, disse Magalhães e Silva.

O advogado adiantou ainda que o facto de terem caído os três crimes de corrupção pelos quais o José Sócrates estava acusado — grupo Lena, Vale do Lobo e PT — “não causa surpresa em função do que era a acusação e em função do critério com que o juiz” analisou os factos e as provas existentes.

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O juiz de instrução criminal Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes económicos e financeiros, mas deixou cair as acusações de corrupção e fraude fiscal.

Dos 28 arguidos, Ivo Rosa pronunciou apenas estes cinco e ilibou, entre outros, os ex-líderes da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca, que estava indiciado por 21 crimes.

Dos 189 crimes que constavam na acusação, num processo que começou a ser investigado em 2013, só 17 vão a julgamento, mas o procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito, anunciou que ia apresentar recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa.