Nikolai Glushkov, o exilado russo que foi encontrado morto no sudoeste de Londres, em março de 2018, foi estrangulado na casa onde vivia, segundo as conclusões do médico legista reveladas pela BBC.

Apesar de inicialmente haver indícios de um possível suicídio, a autópsia concluiu que os ferimentos foram causados por uma “imobilização no pescoço, aplicada por trás, com o agressor atrás da vítima”. Há ainda “ausência de lesões que surgissem de uma luta prolongada” ou lesões que aparentem ser de “natureza defensiva nos membros superiores”.

“Com base em toda a documentação e com todas as evidências reunidas, Nikolai Gluchkov foi assassinado ilegalmente”, revela o médico legista Chinyere Inyama.

A morte de Nikolai Gluchkov aconteceu dias depois de o antigo espião russo Sergei Skripal e a sua filha terem sido envenenados num ataque em que a primeira-ministra britânica, Teresa May, responsabilizou a Rússia.

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Glushkov tinha 68 anos e foi um amigo muito próximo de Boris Berezovsky, um oligarca russo crítico de Vladimir Putin que também foi encontrado morto em 2013 em circunstâncias que até hoje não são totalmente consensuais.

Exilado crítico de Putin encontrado morto em Londres

Nos anos de 1990, Glushkov trabalhou para a companhia aérea Aeroflot e para a empresa do setor automóvel de Berezovsky, a Logo Vaz. Berezovsky fez parte do “Big Seven“, um grupo de oligarcas russos que apoiou Boris Yeltsin e que era membro do círculo próximo do antigo oligarca russo. Como conta o The Guardian, em 1999, com a chegada de Putin ao poder, Berezovsky fugiu para o Reino Unido e Glushkov foi acusado de lavagem de dinheiro e fraude. Passou cinco anos na prisão até ter sido libertado em 2004, tendo pedido asilo político ao Reino Unido.

Nos últimos anos, Glushkov morava em Londres ao abrigo do estatuto de exilado político. Em 2011, Glushkov fez depoimentos em tribunal como testemunha de Berezovsky num processo do russo contra o também oligarca, Roman Abramovich — que continuou a estar nas boas graças do Kremlin na era pós-Putin e é conhecido por ser presidente do Chelsea.

Berezovsky acusava então Abramovich de o ter enganado e de lhe dever mais de cinco mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros) na sequência de terem sido sócios na década de 1990 da empresa petrolífera Sibneft. Abramovich negou as acusações e a juíza do caso deu-lhe razão, descrevendo Berezovsky como desonesto.

Glushkov nunca aceitou bem a decisão judicial e deu conta disso publicamente. Em 2017, foi julgado na Rússia mesmo sem estar presente e condenado a uma pena de oito anos de prisão. Já Berezovski acabou por desaparecer  da vida pública e em março de 2013 foi encontrado morto na casa da sua ex-mulher em Berkshire. Na altura a polícia entendeu que o oligarca cometeu suicídio. Os seus amigos tinham, no entanto, outra opinião e existiam dados de um médico legista que deixava outras hipóteses em aberto.