O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou, este sábado, à Lusa que está a procurar formas seguras de assistir pessoas em redor de Palma e do projeto de gás do norte de Moçambique, onde se estima que permaneçam refugiadas milhares sem comida.

“Há pessoas com necessidade urgente de assistência humanitária em Palma, Quitunda e Afungi” e o PAM “está conduzindo avaliações de segurança e procurando canais humanitários seguros para poder fornecer assistência que salva vidas [de emergência] às pessoas nessas áreas”, acrescentou fonte da instituição.

Segundo dados divulgados pela OIM, estima-se que haja 23 mil pessoas na área em redor do recinto da Total, mas “não há um número exato, confirmado, nesse local”, explicou fonte da agência humanitária.

A equipa da OIM “não é capaz de visitar, avaliar, a situação” devido “a questões de segurança”, esclareceu.

Fonte oficial do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) de Moçambique disse na sexta-feira à Lusa que “tudo” está a ser feito para garantir um regresso à “normalidade” no distrito de Palma.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Pemba já esta saturada e o que estamos a fazer é criar condições para que as pessoas possam continuar” no distrito, referiu.

Segundo a mesma fonte, trata-se de um trabalho conjunto com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e, ao mesmo tempo, assistência alimentar está a ser enviada por via marítima.

Noutros distritos e em Pemba, o PAM “está a fornecer assistência alimentar de emergência, incluindo biscoitos de alta energia, um ‘kit’ alimentar de resposta imediata – com arroz, leguminosas, óleo vegetal, alimentos enlatados como sardinha e feijão, biscoitos – e água para as pessoas deslocadas”.

Na resposta aos deslocados internos de Palma, o PAM pretende cobrir as necessidades “de 50 mil pessoas afetadas (cerca de 10 mil famílias), fornecendo um ‘kit’ alimentar de resposta Imediata (pronto para consumo por duas semanas para pessoas em movimento)”, seguindo-se o objetivo de as incluir “no programa regular mensal de assistência alimentar incondicional do PAM por três meses”.

Para isso, “o PAM precisa de 4,1 milhões de dólares (3,45 milhões de euros)”, acrescentou na resposta à Lusa.

Ao mesmo tempo, o PAM está a ampliar a assistência alimentar na região norte de Moçambique, com planos para acudir a 750.000 pessoas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia.

Para conseguir dar esta resposta até ao fim de 2021, o PAM precisa de um total de 82,4 milhões de dólares ou cerca de 10 milhões de dólares por mês (total 69,24 milhões de euros ou 8,4 milhões de euros por mês), concluiu.

As autoridades moçambicanas retomaram o controlo da vila de Palma, atacada a 24 de março por grupos rebeldes, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

Os grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista ‘ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes e 700.000 mil deslocados.

O ataque a Palma levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás em construção na península de Afungi, com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expetativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.