Três soldados sauditas foram executados, este sábado, por “alta traição”, anunciou o Ministério da Defesa saudita, que os acusa de “colaboração com o inimigo”.

Os três soldados queriam “desestabilizar o reino e seus interesses militares”, disse o ministério num comunicado reproduzido pela agência de notícias oficial SPA.

Os três homens, que foram executados perto da fronteira com o Iémen, foram identificados como Mohammed bin Ahmed, Shaher bin Issa e Hamoud bin Ibrahim.

As execuções acontecem no momento em que Riade intensifica a campanha militar no vizinho Iémen e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, pretende consolidar o seu poder.

A Arábia Saudita intervém desde 2015 na guerra civil no Iémen à frente de uma coligação militar de apoio ao governo contra os rebeldes hutis iemenitas, próximos do Irão e que assumiram o controlo de grande parte do norte do país e da capital Sanaa.

O reino saudita enfrenta um aumento nos ataques de mísseis e drones no seu território, à medida que a luta aumenta entre as forças do governo e os rebeldes iemenitas pelo controle de Marib, uma região petrolífera estratégica no Iémen que os hutis estão a tentar dominar desde fevereiro.

Os combates neste último reduto do governo no norte do Iémen deixaram pelo menos 53 mortos de ambos os lados em 24 horas, de acordo com oficiais militares do acampamento do governo, com os rebeldes a continuarem a ofensiva apesar dos pedidos de trégua.

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Numa declaração hoje, o Ministério da Defesa saudita reiterou a “confiança nas forças armadas leais que sacrificaram o seu sangue para preservar a segurança e estabilidade desta pátria e seus lugares sagrados”.

Entretanto, o príncipe herdeiro Mohammed ben Salman, também conhecido pelas iniciais “MBS”, pretende consolidar o poder.

Aos 35 anos, já é visto como o governante de facto do reino do petróleo, onde ocupa os cargos de vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa – sendo o vice-ministro o seu irmão mais novo Khaled -, conselheiro especial do soberano e finalmente presidente do Conselho Económico e de Desenvolvimento.

Nos últimos três anos, liderou uma repressão implacável contra qualquer dissidência ou potencial rival na Arábia Saudita, incluindo ondas de prisões em círculos religiosos, intelectuais, económicos, da sociedade civil e até mesmo familiares.

Em março de 2020, o irmão e sobrinho do rei Salman, os príncipes Ahmed e Mohammed ben Nayef, foram presos de acordo com várias fontes. Mohammed ben Nayef foi removido do trono em 2017.

As autoridades não comentaram publicamente a sua detenção.

Monarquia absoluta e maior economia árabe, a Arábia Saudita é criticada há muito por ser um dos países do mundo que mais execuções realiza e pelo sistema judicial, que várias organizações de defesa dos direitos humanos consideram opaca.

Este ano, a Comissão de Direitos Humanos, um órgão do governo, relatou uma queda dramática nas execuções em 2020. A Comissão diz ter registado 27 execuções em 2020, uma queda de 85% em relação ao ano anterior, devido sobretudo a uma moratória sobre a pena capital para crimes relacionados com drogas.