O movimento “Amigos de Miramar”, de Gaia, que criou em 2020 uma petição pedindo alterações ao projeto da Infraestruturas de Portugal para o troço ferroviário naquela cidade, avisou que vai atuar contra o corte de dez árvores esta segunda-feira.

Numa nota da rede social Facebook, datada de 10 de abril, o movimento “Amigos de Miramar” diz que foi surpreendido com os cartazes afixados em “mais 10 árvores da Avenida Vasco da Gama”, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, “avisando do seu corte na próxima segunda-feira, pelas 10:00” e avisa que vai atuar em “conformidade” para contrariar aquela intenção do corte de árvores.

O movimento considera que a obra para a construção de um túnel rodoviário na Avenida Vasco da Gama, que se iniciou em novembro passado, “não está a respeitar o projeto acordado” entre os “Amigos de Miramar” e as entidades competentes — Câmara Municipal de Gaia e Infraestruturas de Portugal (IP).

“Consideramos que esta situação é inaceitável, representando um incumprimento em relação aos esforços conjuntos e um desrespeito pela identidade de Miramar e pelos seus habitantes, pelo que atuaremos em conformidade. Já estamos em campo para continuar a defender esta causa”, lê-se na nota do movimento de cidadãos.

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O movimento “Amigos de Miramar” recorda que conseguiu evitar o “abate de metade dos plátanos (69 para 34) e reduzir o comprimento total da intervenção nesta Avenida (túnel e acessos) de 385 metros para 205 metros com “a ajuda de 2.361 pessoas que assinaram a petição “Não Destruam Miramar” (https://bit.ly/3s7uMZ1).

No texto da petição pode ler-se que se tornou do “conhecimento dos moradores de Miramar que existe um plano de construção de um túnel rodoviário na Avenida Vasco da Gama para travessia da passagem de nível, com a sua supressão, projeto esse que se encontra na iminência de se concretizar”, concluindo que “quem conhece esta zona sabe que se destaca pela sua traça arquitetónica antiga e cuidada”.

Os peticionários sublinham, por exemplo, o “abate das árvores centenárias” e “a construção de um túnel que abarcará grande parte do trajeto desde a praça de Índia até aos primeiros quarteirões a nascente da estação”.

Em 03 de julho de 2020, em resposta à agência Lusa, a IP esclareceu que a criação de um túnel em Miramar visava reduzir o “risco de acidentes”, admitindo que será necessário remover árvores, mas garantido que, “tal como acordado com autarquia, o projeto prevê a reposição de todas as árvores retiradas, bem como o arranjo paisagístico de toda a zona envolvente, numa perspetiva de minimização efetiva dos impactes associados a esta importante intervenção”.

“O volume dos tráfegos rodoviário e ferroviário neste local é muito elevado, bastante acima da média das restantes PN [passagens de nível], o que potencia o risco de acidente. Apesar do esforço da IP, a implementação de um conjunto de medidas no local verificou-se ser insuficiente para diminuir as ocorrências, pelo que somente com a supressão da PN poderemos eliminar o risco de mais acidentes e comportamentos indevidos”, refere a resposta escrita da IP.

Em 04 de fevereiro de 2019, questionado por um munícipe numa reunião pública, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, reconheceu que o projeto criaria “em alguns sítios um modelo de acessos e um modelo urbanístico diferente, com consequências positivas e negativas”.