Portugal poderá atingir 120 novos casos de covid-19 por cada 100.000 habitantes em dois ou mais meses, segundo o relatório de monitorização divulgado pela Direção-Geral da Saúde e Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge no sábado.

“O número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2/Covid-19 por 100.000 habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 66, com tendência ligeiramente crescente a nível nacional”, pode ler-se no segundo relatório de monitorização das “linhas vermelhas” da DGS e do INSA, relativo ao período entre 24 de março e 07 de abril. “Estima-se que o tempo de duplicação da incidência seja de 86 dias, o que significa que, à atual taxa de crescimento, será preciso dois ou mais meses para atingir a linha de 120 casos por 100.000 habitantes”, alertam os dois organismos.

Em 11 de março, na apresentação do plano de desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que as medidas da reabertura serão revistas sempre que Portugal ultrapassar os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou sempre que o Rt – o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado pelo vírus – ultrapasse 1.

De acordo com o documento divulgado sábado, o índice de transmissibilidade (Rt) apresenta valores superiores a 1, tanto a nível nacional (1,02) como nas várias regiões de saúde do continente, com exceção da região do Alentejo (0,99). A nível nacional, observa-se um aumento do valor do Rt desde 10 de fevereiro de 2021.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A região do Algarve, que no primeiro relatório apresentava o valor mais elevado, caiu de 1,19 para 1,05 “sugerindo o desacelerar do aumento da incidência na região”, indicam a DGS e o INSA.

“A análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”, destacam a DGS e o INSA. De acordo com os organismos, “verificou-se um ligeiro aumento da transmissão nas faixas etária mais jovens, mas com menor risco de evolução desfavorável da doença” e “o recente período pascal e o início do desconfinamento são fatores que podem interferir” na situação, “com reflexos visíveis nas próximas semanas”.

O relatório indica que o número diário de casos de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente “tem tido tendência decrescente”, sendo de 122 em 07 abril, inferior ao valor crítico definido (245 camas ocupadas). A nível nacional, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 1,5% (de 02 a 08 de abril), valor que se mantém abaixo do objetivo definido de 4%, sendo que o total de testes realizados nos últimos 7 dias foi de 238.821.

O relatório refere que a proporção de casos confirmados notificados com atraso mantém a tendência decrescente e nos últimos 7 dias, indicando que todos os casos de infeção foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e foram rastreados e isolados 95,0% dos seus contactos.

Por sua vez, “dados de sequenciação relativos ao mês de março (essencialmente 1.ª quinzena) indicaram que a variante B.1.1.7 (associada ao Reino Unido) representava já 82,9% dos casos de infeção por SARS-CoV-2/Covid-19 em Portugal (Continente e Regiões Autónomas)”, indica o documento.

Foram confirmados 29 casos da variante P.1 (associada a Manaus, Brasil) através da avaliação de casos suspeitos indicados pelas autoridades de saúde ou através de ensaios laboratoriais. A sequenciação em larga escala em março indicou uma frequência relativa desta variante de 0,4%, indiciando a sua reduzida circulação no território nacional, pode ler-se no relatório.