O primeiro-ministro líbio Abdul Hamid Dbeibah, chefe do novo governo interino, reuniu-se esta segunda-feira em Ancara com o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan para conversações destinadas a reforçar a cooperação entre os dois países.

O governo interino líbio, que tomou posse em março, tem por objetivo reunificar um país em guerra civil há quase uma década, e ainda promover a organização de eleições gerais marcadas para 24 de dezembro.

A Turquia tem estado particularmente envolvida na Líbia através do apoio ao governo de Acordo Nacional (GAN), sediado na capital Tripoli e que controlava o oeste, contra o Exército Nacional Líbio (LNA), baseado em Benghazi e que dominava o leste. A Turquia enviou material militar e combatentes para a Líbia, contribuindo para reverter a balança do conflito em favor do governo de Tripoli.

A Turquia também assinou um acordo com o governo de Tripoli em 2019 para delinear as fronteiras marítimas entre os dois países, uma decisão de suscitou fortes protestos da Grécia e Chipre. Os dois países denunciaram o acordo, que consideram uma séria violação da lei internacional e contra os direitos dos restantes países do mediterrâneo oriental.

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Dbeibah, acompanhado por numerosa delegação que inclui 14 ministros, vai copresidir à primeira reunião do designado Conselho de Cooperação Estratégico de Alto Nível juntamente com Erdogan. Os media turcos indicaram que os dois países pretendem reforçar a cooperação nos setores de energia e saúde, e também vão abordar o regresso de empresas turcas para concluir diversos projetos no país do Norte de África rico em petróleo.

Dbeibah tem ainda tentado estabelecer uma solução de equilíbrio entre a Turquia e a Grécia, na sequência das preocupações de Atenas sobre o acordo marítimo que os responsáveis de Tripoli estabeleceram com a Turquia.

O primeiro-ministro líbio disse que o seu governo pretende estabelecer um comité líbio-grego para o reinício das negociações destinadas a estabelecer uma fronteira marítima entre os dois países e demarcar uma zona económica exclusiva para os direitos de prospeção de petróleo e gás.

A Líbia mergulhou no caos na sequência de uma rebelião interna apoiada pela NATO que derrubou em 2011 o regime de Muammar Kadhafi, executado por milícias rebeldes. Nos últimos nos o país fraturou-se entre dois poderes rivais estabelecidos no oeste e no leste, apoiados por diferentes grupos armados e governos estrangeiros.