As comissões de trabalhadores (CT) da Lusa e da RTP disseram esta segunda-feira que “a autonomia editorial da Lusa deve ser defendida contra qualquer reorganização de instalações”, que a coloque no “espaço físico” de outra entidade, nomeadamente da televisão pública.

Num comunicado divulgado, as duas estruturas deram conta de uma reunião, “para avaliar o que vem surgindo na imprensa sobre as ‘sinergias’ preconizadas pelo presidente em exercício da Lusa e futuro presidente da RTP, Nicolau Santos”.

Os representantes dos trabalhadores acreditam que “essas ‘sinergias’, de contornos ainda vagos, diriam respeito à colaboração entre ambas as empresas na área editorial e na área de utilização de instalações”.

Sem quererem aqui e agora pronunciar-se sobre a gestão do património imobiliário da Lusa ou da RTP, as duas CT sublinham que a autonomia editorial da Lusa deve ser defendida contra qualquer reorganização de instalações que coloque a agência noticiosa no espaço físico de alguma outra entidade, coabitando em união de facto, dependente e potencialmente promíscua”, realçaram.

As CT afirmam que, “tendo em conta o pouco que se sabe sobre estes planos, convém alertar contra qualquer veleidade de amputar, menorizar ou subalternizar o serviço público prestado pela Lusa a toda a comunicação social portuguesa”, destacando que a Lusa, “como agência noticiosa, é um serviço público imprescindível a toda a imprensa falada ou escrita”.

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Na mesma nota, as CT referiram que “o futuro da Lusa não pode ser decidido por um gestor que faz parte do passado da agência: esse futuro, como o de qualquer serviço público, tem de ser preocupação do poder político”.

“Nenhuma colaboração editorial da Lusa com qualquer outra entidade pode fazer-se à custa da sua autonomia, independência e isenção. Definir para a Lusa, sob o pretexto de exploração de ‘sinergias’, uma relação preferencial com a RTP iria pôr em causa a prestação dos seus serviços a todos os demais órgãos de comunicação social”, alertaram a estruturas.

Para as CT, “nenhuma agência noticiosa pode envolver-se em parceria privilegiada com uma rádio e televisão em detrimento das entidades que veem essa rádio e televisão como concorrente”, de acordo com o comunicado. “Se o fizesse, iria prejudicar-se a si própria e iria prejudicar todas as entidades que até agora têm podido contar com o seu serviço”, defenderam as CT.

Os trabalhadores da RTP e da Lusa disseram ainda que iam “estreitar os seus laços de cooperação, explorando todas as sinergias da luta comum”.

O presidente cessante da Lusa e que irá liderar a nova administração da RTP, Nicolau Santos, garantiu no dia 07 de abril “nada ter a ver” com uma possível extinção da sede da agência, após críticas da CT da Lusa.

Num comunicado, o responsável disse que a CT da Lusa emitiu “um comunicado que parte de pressupostos errados e que, por isso, tira conclusões que não fazem qualquer sentido”, nomeadamente sobre as sinergias entre RTP e Lusa na gestão de espaços.

Nicolau Santos considerou “totalmente incompreensível que a CT diga que ‘não aceita a extinção do edifício sede da Lusa'”.

Não se percebe de onde surge tal ideia, se ela existe ou quem a propôs, mas seguramente nada tem a ver comigo”, garante.

“A CT baseia as suas afirmações no plano estratégico da RTP. Ora ainda não existe esse plano, que está a ser ultimado. O que existe é o programa com que eu e Hugo Figueiredo nos candidatámos à liderança da RTP”, explica o presidente cessante da agência.

Na mesma nota, Nicolau Santos garante que esse programa fala “na exploração de sinergias entre a RTP e Lusa ‘na área da gestão de espaços e na colaboração editorial’. Só isto e nem mais uma palavra”.