A relação de (aparente) proximidade entre os CEO da Tesla, Elon Musk, e da Volkswagen AG, Herbert Diess, tem agora uma nova explicação. De acordo com a Business Insider, não é só o interesse na electrificação dos transportes que os une, pois Diess esteve quase a assinar um contrato que lhe permitiria ocupar o lugar de Musk.
Segundo a referida publicação, a aproximação entre ambos terá ocorrido em 2015, numa altura em Elon Musk enfrentava críticas pela forma como utilizava o Twitter, substituindo as “convencionais” declarações institucionais por uma comunicação directa e pouco “filtrada” nas redes sociais. À época, a Tesla estava ainda muito longe de ser aquilo que é hoje e, para mais, o Model 3, considerado na altura um modelo essencial para a marca crescer nas vendas (como se veio a confirmar), enfrentava atrasos devido a problemas na fábrica de Fremont. A ponto de, para resolvê-los, Musk ter optado por equipar a sua sala de reuniões com um saco-cama, onde dormiu semanas a fio só para estar “ao pé” dos problemas que havia a solucionar.
Por seu lado, recuando os mesmos seis anos, Herbert Diess encontrava-se na BMW. Alegadamente, o construtor bávaro entendeu que travar a electrificação seria a melhor estratégia a seguir, quando o engenheiro alemão defendia precisamente o contrário.
A necessidade de Musk e a vontade de Diess coincidiram e ambos terão mesmo chegado a um entendimento, devidamente materializado num contrato que o actual CEO do Grupo Volkswagen esteve quase a assinar. Ainda de acordo com a mesma fonte, a contratação só não aconteceu porque, entretanto, rebentou o escândalo do Dieselgate e a conglomerado germânico procurava desesperadamente, para assumir os comandos, alguém livre de qualquer possibilidade de ser ligado ao processo de manipulação ilegal do software dos veículos do grupo equipados com motores a gasóleo. Diess surgiu como a escolha mais acertada para catalisar o efeito nocivo da administração de Matthias Müller e o alemão, hoje com 62 anos, aceitou o desafio – ou não fosse a Volkswagen um gigante comparada com a pequena Tesla.
Sob a sua batuta de Diess, o grupo alemão encetou um ambicioso programa de transição para a mobilidade eléctrica, orçado em perto de 90 mil milhões de euros, para concorrer directamente com a Tesla. A rivalidade entre fabricantes parece não ter afastado dois homens com uma “queda” em comum para as baterias, a avaliar pelos elogios que trocam e pelo respeito que demonstram ter pelas metas que cada um alcança. Sucede que Diess já esteve mais “confortável” na sua função, já “sobreviveu” a uma disputa de poder na reestruturação organizacional da companhia – ainda que com algumas punições, como o facto de perdido a direcção da marca VW, a principal do grupo alemão -, mas o contrato acaba em 2023. Nesse ano, o que não aconteceu em 2015 pode concretizar-se (ou não). Certo é que, ao dia de hoje, o Elon Musk que há seis anos dormia no chão da fábrica e procurava ter em Diess alguém que lhe permitisse algum descanso, é hoje um dos homens mais ricos do planeta. Já Diess é muitas vezes acusado, por aqueles que lidera, de sofrer de “Teslarite”…