O ABC falava de “um campeão em guerra”, o As preferia focar “a autodestruição do melhor Bayern”. A perspetiva pode ser diferente, o foco e o contexto são os mesmos e até se confundem. Deixou o clube bávaro de ser o maior ou melhor dentro e fora de campo? Talvez sim, talvez não. No entanto, o principal culpado (ou culpados) está só circunscrito ao Allianz Stadium. E mais uma vez, à semelhança de tantos outros episódios, a luta de poderes e de egos tornou-se notícia pelos piores motivos, entroncando na fase mais conturbada da temporada para os campeões europeus e alemães em título e numa semana de grandes decisões no plano nacional e internacional.
Rebobinemos o filme. À exceção da derrota nas grandes penalidades com o Holstein Kiel que valeu a eliminação na Taça, o Bayern conquistou a Supertaça Europeia, a Supertaça da Alemanha e o Mundial de Clubes (tornando-se assim a segunda equipa de sempre a ganhar seis títulos relativos à mesma temporada após o Barcelona de Guardiola), subiu de forma natural à liderança da Bundesliga com alguns deslizes pelo meio e não deu hipóteses à Lazio nos oitavos da Champions. Ou seja, mesmo sem a série de vitórias consecutivas com que acabou a última época, fazia um trajeto “normal”. Depois, na sequência de um triunfo com o RB Leipzig pela margem mínima que parecia definir a questão do título, tudo aconteceu: Lewandowski fez mesmo falta, Gnabry testou de novo positivo à Covid-19, o PSG ganhou em Munique por 3-2 com os bávaros a fazerem mais de 30 remates, o Union Berlin conseguiu empatar fora com o campeão. Pelo meio, um conflito interno tornou-se latente.
De um lado, Hasan Salihamidzic, antigo jogador e campeão, agora diretor desportivo. Do outro, Hans-Dieter Flick, antigo jogador e campeão, agora treinador. No meio, uma polémica preparação da próxima época, faltas de respeito mútuas no autocarro da equipa à frente dos jogadores e o desejo da Federação Alemã de Futebol em encontrar um sucessor para Joachim Löw. E com uma última gota envolvendo Jêrome Boateng, desejado pelo treinador pela experiência e competitividade que dá ao plantel mas na porta de saída pelo diretor desportivo. “Não seria mau se tivéssemos um pouco mais de tranquilidade”, assumiu o capitão, Manuel Neuer, após o último empate com o Union Berlin. “O que está a cair em cima de nós a partir de fora é completamente desnecessário”, acrescentou outro dos históricos do plantel bávaro, Thomas Müller. A relação entre ambos parece ter ficado de vez estragada mas com a luta por títulos como a Bundesliga ou a Liga dos Campeões em cima da mesa.
Pela 2.ª época consecutiva, ????????Tuchel está nas meias-finais da Champions:
2019/20 ????????PSG
2020/21 ????????????????????????????Chelsea pic.twitter.com/ucrDwL0IRh— playmakerstats (@playmaker_PT) April 13, 2021
“Devemos estar unidos, devemos trabalhar juntos de uma maneira harmoniosa, leal e profissional. É isto que peço claramente à direção desportiva. Sempre foi isto que distinguiu o Bayern. Flick na seleção? Isto tem de terminar! Não podemos estar constantemente a falar sobre tudo… Estamos no último quarto da época, somos primeiros na Bundesliga com sete pontos de vantagem e ainda temos possibilidades de nos classificarmos na Champions, não obstante a nossa derrota em Paris. Precisamos de calma e de nos concentrarmos no essencial”, destacou o presidente, Karl-Heinz Rummenigge. No dia seguinte, chegou novo tropeção no plano interno…
Depois de eliminar o ????????Barcelona e o ????????Bayern, o ????????PSG está nas meias-finais da Champions pela 2.ª época consecutiva, a 3.ª na sua história (1995, 2020 e 2021) pic.twitter.com/dWcqSWfe1m
— playmakerstats (@playmaker_PT) April 13, 2021
“É preciso união, temos de acalmar-nos. Não temos tido a oportunidade para treinar com regularidade e por isso é importante que os jogadores recuperem bem e que limpem a cabeça. É claro que teria sido melhor vencer mas agora é preciso estarmos concentrados na Liga dos Campeões. É preciso marcar mais dois golos do que o PSG. Sinto que os jogadores estão impacientes para este jogo. Não fomos eficazes na primeira mão, temos agora de fazer melhor. Não podemos desperdiçar oportunidades. Estamos a abordar a situação de forma positiva. Todos estão focados para a partida da segunda mão”, reforçou Hansi Flick após o empate caseiro com o Union Berlin, entre elogios ao “carrasco” do primeiro encontro, Kylian Mbappé: “Ele vai ser o melhor jogador do futebol mundial, estou absolutamente convencido disso. Pode resolver no 1×1 e gosta muito de ter a bola”.
???????? PSG ???? Bayern ????????
A incerteza vivida até ao fim em Paris teve muita influência de Neymar ???????? que apesar dos números fantásticos em quase tudo, perdeu nada menos do que 4⃣ ocasiões flagrantes de golo ????#PSGBAY #UCL #ChampionsELEVEN #RatersGonnaRate pic.twitter.com/UOvTzdCjuG
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Desta vez até houve mais Neymar do que Mbappé em zonas de finalização, com o brasileiro a ter duas bolas nos postes e outras tantas oportunidades para intervenções gigantes de Neuer. E houve um Paredes fundamental no trabalho a meio-campo, com e sem bola. Mas houve sobretudo um Danilo adaptado a central que se tornou o mais bonito jogando feio: bola que vinha era bola que ia, bola que entrava era bola que saía. E foi esse toque de pragmatismo do português em dupla com Kimpembe que permitiu a um PSG que podia ter goleado segurar uma desvantagem mínima que garantiu a passagem às meias pelos golos fora. Do lado do Bayern, a tentativa de evitar uma vingança pela final de 2020 ficou pela teoria apesar da boa e arriscada exibição da equipa e o afastamento da Champions funcionará como gatilho para a continuação de uma novela onde ninguém ganha.
???????? Paris SG ???? Bayern ????????
Danilo Pereira ???????? jogou 90 minutos a defesa-central e foi dos melhores do PSG#UCL #ChampionsEleven #PSGBAY #RatersGonnaRate pic.twitter.com/piLYuz21Rd
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Em 8️⃣ das últimas 9️⃣ temporadas, a equipa vencedora da Champions ou foi o Bayern ou foi quem eliminou o Bayern ???? Vem aí conquista do PSG? #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/6QdrFEVKy3
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Entre mais ausências de elementos fulcrais como Goretzka ou Süle, e com a utilização de jogadores em posições menos habituais como Lucas Hernández a central ou Alaba como médio centro ao lado de Kimmich, o Bayern começou por cometer o mesmo erro da primeira volta (espaço para Neymar criar, assistência para o remate cruzado de Mbappé que desta vez saiu ao lado logo ao terceiro minuto), demorou até assentar o seu jogo mas passou a partir dos 20 minutos a colocar em prática aquilo que queria fixar como regra da segunda mão desta eliminatória: ação concentrada no meio-campo contrário, grande capacidade na reação à perda, pressão alta a fazer subir a linha defensiva até à divisória, muita mobilidade no ataque para tentar “disfarçar” a falta de um finalizador como Lewandowski – algo que Choupo-Moting nunca conseguiu (nem conseguirá) fazer. E foi essa abordagem destemida, dando a profundidade a quem mais gosta da profundidade, que “fez” o encontro.
.@ChampionsLeague | @PSG_inside 0-0 @FCBayern
PSG entra com tudo ???? Está criada a primeira oportunidade e que perigo!! #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/EtdiOhvw7o
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Toque mágico de Choupo-Moting e Bayern muito próximo do primeiro do encontro #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/eGleUcY1fQ
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E bastaram três minutos para se ver o quão eletrizante seriam os últimos 20 até ao intervalo, com Danilo a dar mostras de ser o central mais bonito a jogar feio com uma exibição enorme nessa fase ao lado de Kimpembe: Leroy Sané rematou ao lado após uma recuperação de Boateng no meio-campo dos franceses (25′), Kimmich não teve mais pontaria dentro do perigo que levou na sequência de uma interceção à saída do primeiro terço dos visitados (26′), Neymar a ficar muito perto do primeiro golo após assistência de Mbappé (27′). Nesse particular, havia uma inversão de papéis, desta vez com o avançado gaulês mais vezes no último passe e o brasileiro a surgir na finalização. Para obrigar Neuer a uma grande intervenção (34′), para acertar na trave (37′), para atirar ao poste (39′). A bola não queria mesmo entrar naquela baliza mas acabou por entrar na outra, com Alaba a ganhar espaço para rematar cruzado na área e Choupo-Moting a saltar mais alto para fazer a recarga de cabeça (40′). Estava feito o primeiro golo, estava ainda mais em aberto a eliminatória no Parque dos Príncipes.
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QUE OPORTUNIDADE! Que comece o espetáculo de Neymar???? #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/GEhoSfqOkk
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.@ChampionsLeague | @PSG_inside 0-1 @FCBayern | GOLO!
Defesa incompleta de Navas e o Bayern marca no Parc des Princes ???? #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/cRr5011sjz
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A segunda parte prometia muito e começou como acabara a primeira, tendo Alaba a encontrar espaço na zona à frente da área contrária para testar a meia distância sem sucesso, mas acabou por encontrar um PSG a defender de forma mais pragmática, com linhas mais baixas para estagnar o previsível assalto à baliza do Bayern quando estava apenas a um golo da reviravolta e para aproveitar o tendencial desequilíbrio nas transições que poderia surgir por parte dos bávaros, como aconteceu num lance em que que Neymar lançou Mbappé em profundidade, o francês não perdoou mas partindo de posição irregular. Flick teria de arriscar tudo e não teve “vergonha” na tentativa de encontrar forças nas fraquezas, abdicando de Choupo-Moting e lançando o central (que já foi médio defensivo) Javi Martínez para um jogo mais direto nos últimos minutos que não teve resultados.
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QUE JOGADA ???? ???? Faltaram milímetros a Neymar! #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/Kw4WyPrCIh
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QUE PERIGO! Navas resolve ???? #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/fqlLIfpkUU
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Num jogo impróprio para cardíacos, o PSG leva a melhor e está nos Quartos de final ???? ???? #ChampionsELEVEN pic.twitter.com/QMWGv1vHsf
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