A próxima atualização da app NHS Covid-19, a aplicação de rastreio de Inglaterra e do País de Gales (equivalente à portuguesa StayAway Covid), foi bloqueada pela Google e pela Apple. Como avança o The Guardian, as empresas norte-americanas dizem que a nova versão violava a política de privacidade dos sistemas operativos móveis Android e iOS. Porquê? O governo britânico queria que quem tivesse a app instalada passasse a saber automaticamente quais os estabelecimentos comerciais, como bares e restaurante, em que alguém infetado tinha estado. A Google e a Apple dizem que isso é um abuso da tecnologia que disponibilizam.

À semelhança da StayAway Covid, a aplicação inglesa utiliza a tecnologia bluetooth para ajudar o utilizador a saber se esteve em contacto com alguém infetado nos últimos 15 dias. Com o desconfinamento no Reino Unido a arrancar, esta app continua a ser apresentada como uma solução para ajudar a mitigar a propagação da pandemia.

Desde 2020 que o governo tem tentado que os cidadãos façam um check-in [registo de entrada, em português] com a app e um QR Code, ao entrarem nos estabelecimentos comerciais. Depois, se esse restaurante ou bar tivesse sido identificado como um lugar em que houve um número elevado de infetados, o utilizador ficaria a saber. Porém, este sistema nunca foi muito utilizado, não era eficiente porque as pessoas não davam autorização para partilhar esses dados e as entidades locais, por isso, não acionavam esses alertas.

Apenas três mil códigos depois, o que aconteceu à app de rastreio à Covid-19?

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Para resolver essa ineficiência, o governo britânico quis ir mais longe e automatizar este processo. Como? Saltando o passo em que o utilizador dá autorização à app para partilhar os locais onde fez um check-in. Mas isso é uma violação dos termos de privacidade dos sistemas operativos em questão, porque não pode haver uma base de dados que diga onde é que os utilizadores estiveram.

As apps oficiais de cada país utilizam acessos especiais aos sistema operativos da Google e Apple para poderem utilizar a tecnologia bluetooth de uma forma mais eficiente. Por causa disso, estas empresas exigem a cada país que cumpra certos requisitos. Neste caso, como conta o mesmo jornal, esta nova atualização entrava em incumprimento com o que fora acordado entre o governo britânico e as empresas, quando app estava a ser criada, no verão de 2020.

Em abril, antes do lançamento desta nova versão (que estava marcado para o dia 8), o ministério da Saúde tinha dito que uma medida semelhante podia ser implementada, mas não era bem assim. Na versão divulgada pelo governo, haveria sempre autorização prévia do utilizador. Na Escócia, por exemplo, os responsáveis do país lançaram essa funcionalidade, mas com uma app nova, que não tem de cumprir regras nem da Google nem da Apple.