Ao vacinar toda a população acima dos 60 anos “estamos a proteger 96,4% das pessoas que faleceram” com Covid-19, disse Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para o Plano de Vacinação Covid-19, durante a reunião de peritos no Infarmed, esta terça-feira. O vice-almirante espera atingir esta meta entre a última semana de maio e a primeira de junho.

Anteriormente, na mesma reunião, Baltazar Nunes, investigador no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, disse que os modelos matemáticos indicam que já tinha sido possível evitar 140 mortes graças à vacinação.

Há um efeito significativo considerável da vacinação”, no índice de transmissibilidade (Rt), na ocupação das camas em enfermaria e unidades de cuidados intensivos, disse o investigador.

Num dos cenários dos modelos matemáticos, considerando um Rt como o do início de abril (0,7), teriam sido prevenidos “cerca de 78 óbitos”. Mas com o Rt atual (1,04), a estimativa mostra que “já se preveniram cerca de 140 óbitos” em comparação com o cenário em que não há vacinação.

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Não só a vacinação é eficaz a prevenir a morte por Covid-19, sobretudo entre os mais velhos e mais frágeis, como parece também estar a diminuir a taxa de infeção entre os mais velhos, referiu Baltazar Nunes. O especialista mostra que, “assim que a cobertura vacinal aumenta neste grupo etário, reduz a incidência nos 80 e mais anos e abaixo dessa idade essa inversão não se observa”.

Há um efeito significativo da cobertura vacinal na população de 80 e mais anos”, diz Baltazar Nunes.

Henrique Gouveia e Melo destacou que vacinação de cidadãos com mais de 80 anos está acima dos 90%, das pessoas entre 50 e 80 anos com doenças de risco está nos 80%, dos profissionais de saúde está nos 96%, nos serviços essenciais nos 99% e nas escolas nos 23%. “Neste fim de semana vamos atingir muito rapidamente [a vacinação] de todos os profissionais”, com exceção do Ensino Superior.

O objetivo do coordenador da task force continua a ser ter 70% da população com mais de 30 anos com, pelo menos, uma dose da vacina entre julho e agosto.

Para conseguir cumprir essa meta, Gouveia e Melo disse que a partir de agora 90% das vacinas vão ser atribuídas por grupos etários e os outros 10% serão para doenças que não estão relacionadas com a idade. O coordenador destacou que a partir do momento em que 85% de um determinado grupo está vacinado se torna mais difícil encontrar o resto das pessoas.

A partir do segundo trimestre, o responsável espera que seja possível vacinar 97 mil pessoas por dia. O coordenador acrescentou que está a ser feita uma transição entre uma fase de escassez e uma fase de abundância, em que é importante a “fluidez”.

Uma vez que há disponibilidade de vacinas para fazer uma nova estratégia” que juntará a segunda e terceira fase de vacinação, disse Gouveia e Melo.

No mês de abril estarão disponíveis 1,9 milhões de vacinas a Portugal, disse. Até agora, já chegaram 2,6 milhões de vacinas, foram administradas (até domingo) cerca de 2,1 milhões de doses, primeiras doses 1,5 milhões. Mais de 15% da população já tem a primeira dose e mais de 6% já tem a segunda dose.

Na altura em que Gouveia e Melo apresentou os dados ainda não era conhecido que a Johnson & Johnson iria atrasar a entrega de 30 mil doses que estavam previstas para esta semana enquanto investiga a relação entre a administração da vacina e os casos raros de coágulos sanguíneos e baixos níveis de plaquetas nos Estados Unidos.

Casos de coágulos após vacinação. Estados Unidos suspendem vacina e Johnson & Johnson adia entrega na Europa