Pela terceira noite consecutiva, centenas de manifestantes saíram às ruas de Minneapolis para protestar contra a morte de um jovem afro-americano às mãos de polícia e exigir justiça. Os protestos começaram pacificamente mas, ao longo da noite, a tensão subiu e houve confrontos entre manifestantes e polícia.

As autoridades impuseram um recolher obrigatório às 22h locais, altura em que grande parte dos manifestantes regressarou a casa após protestos maioritariamente pacíficos, onde se viram cartazes do movimento Black Lives Matter e se ouviram pedidos de justiça para Daunte Wright. No entanto, após o início do recolher obrigatório, verificaram-se alguns episódios de violência.

Daunte Wright, um jovem afro-americano de 20 anos, foi morto no passado domingo por Kim Potter, uma agente da polícia de Brooklyn Center, um subúrbio de Minneapolis. Segundo a versão da polícia, Potter terá atingido Daunte Wright por um engano, uma vez que, segundo a própria, terá confundido uma arma de fogo com o taser.

Agente que matou jovem afro-americano e chefe da polícia apresentam demissão

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Na sequência deste caso, o agente Kim Potter, assim como o seu superior hierárquico na esquadra de Brooklyn Center, Tim Gannon, apresentaram a demissão. Contudo, a sua saída não foi suficiente para conter a revolta dos manifestantes que há três dias seguidos têm saído às ruas dos subúrdios de Minneapolis, mas também noutras cidades norte-americanas.

Os momentos de maior tensão viveram-se novamente junto à esquadra da polícia em Brooklyn Center. De acordo com o relato da BBC, os manifestantes atiraram garrafas e outros projéteis contra a polícia, que respondeu com o uso de gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

A esquadra da polícia de Brooklyn Center está sob fortes medidas de segurança, tendo sido erigidas barreiras e cercas de metal. Dezenas de membros da Guarda Nacional foram destacados para Minneapolis e têm estado na linha da frente a conter os atos de violência. Durante a noite, segundo as autoridades locais, foram detidas pelo menos 60 pessoas.

Gás lacrimogéneo, cânticos, carros vandalizados e manifestantes ajoelhados: protestos nos EUA contra morte de cidadão negro

Esta quarta-feira, segundo a Associated Press, é expectável os procuradores decidam se vão ou não acusar Kim Potter pela morte de Daunte Wright. A tese da polícia é que abordaram o jovem afro-americano para o deter, na sequência de um mandado de detenção. Wright terá resistido e Kim Potter disparou uma arma de fogo, apesar de, segundo a sua versão, ter confundido a pistola com um taser.

O mayor de Brooklyn Center, Mike Elliott, congratulou-se com a demissão de Kim Porter e referiu que as autoridades já tinham decidido que iam despedir a agente da polícia, mesmo antes de ela apresentar a demissão. Ellitot referiu ainda que espera que esta demissão “traga alguma calma à comunidade” e que seja feita justiça.

“Temos de garantir que é feita justiça. Daunte Wright merece isso. A sua família merece isso”, afirmou o mayor de Brooklyn Center, citado pela AP.

“Podem acreditar nos vossos olhos. Foi um assassínio.” O início do julgamento de Derek Chauvin, polícia acusado de matar George Floyd

A morte de Daunte Wright e os consequentes protestos contra o racismo e a violência policial coincidem com o julgamento em curso de Derek Chauvin, o polícia acusado de assassinar George Floyd, precisamente em Minneapolis. O julgamento,que decorre há várias semanas e é acompanhado com grande atenção nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo, é encarado como um referendo à justiça norte-americana.