A ModaLisboa prepara-se para uma edição exclusivamente digital, a primeira a realizar-se sem público e com desfiles, entrevistas e debates a serem transmitidos apenas online. O programa arranca já na próxima quinta-feira, depois de um parecer negativo da DGS ter levado ao adiamento do evento, inicialmente marcado para o início de março. Até domingo, mais de 20 criadores de moda — novos talentos e nomes consolidados — apresentam as suas coleções, num alinhamento enriquecido com conversas, exposições virtuais, entrevistas com os designers e reportagens nos bastidores das apresentações, a maioria gravada no Pátio da Galé, em Lisboa, durante o fim de semana anterior.

No ano em que se assinalam 30 anos do evento, a presidente, Eduarda Abbondanza, revela que as comemorações desta data redonda ficarão adiadas para a edição de outubro. “Tentámos adequar-nos, tanto nós como os próprios designers. Não acredito que esta seja a melhor versão para moda, é a versão possível. Inventámos maneiras de interagir com a comunidade, criando momentos coletivos de pensamento, pequenas brincadeiras, fazendo chegar um bocadinho de nós às pessoas”, contextualiza, em conversa com o Observador.

A marca Béhen tem apresentação marcada para esta quinta-feira, às 21h30 © Melissa Vieira/Observador

Logo no primeiro dia, abre-se espaço no calendário para o concurso Sangue Novo. Cinco finalistas apurados em outubro do ano passado voltam a dar provas de talento. São eles Andreia Reimão, Ari Paiva, Fora de Jogo, Arndes e Rafael Ferreira. Após a apresentação coletiva, marcada para as 19h de quinta-feira, serão anunciados os vencedores dos diferentes prémios, incluindo um que resulta da votação do público através da app.

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No calendário principal, irão desfilar nomes como Luís Carvalho, Ricardo Preto, Carlos Gil, Valentim Quaresma e Nuno Baltazar. A plataforma Lab volta a fazer regressar talentos como Carolina Machado, Hibu e Béhen, entre outros. A maioria das apresentações dos diferentes designers será antecedida de apontamentos de bastidores. Em seguida, é transmitida uma curta entrevista com cada autor. Quanto às apresentações, vão variar entre desfiles gravados e o formato de fashion film.

Embora muitos dos nomes habituais do calendário de moda lisboeta marquem presença nesta edição, há ausências flagrantes, nomeadamente a de Nuno Gama e Lidija Kolovrat. Também Dino Alves, que já havia optado por não apresentar na última estação, volta a ficar de fora.

© Gustavo Carmo

Os tempos são adversos para a moda, como para muitas outras áreas. E se há jovens marcas independentes a prosperar num mercado sem fronteiras, outras ressentem-se com as limitações impostas pela pandemia. “Está toda a gente muito empenhada em comunicar, em não deixar passar este momento em branco, e isso é comum a todas as gerações de designers. É uma questão de sobrevivência”, admite a presidente e fundadora.

São muitas as formas de aceder, em direto ou não, aos conteúdos da 56ª edição da ModaLisboa. Além de um microsite criado para as transmissões, é possível acompanhar o evento através da aplicação (disponível para iOS e Android), mas também no Facebook e no Instagram (apenas os desfiles). Os clientes MEO terão ainda acesso a uma aplicação exclusiva para televisão.

Também a Workstation está de regresso, não só com apresentações em formato happening dos designers Carolina Raquel, Federico Protto, Filipe Augusto e Saskia Lenaerts, mas com uma exposição virtual de fotografia — Francisco Narciso e Gabriela Ferreira — e ilustração — Catarina Morais, Gustavo Carmo, Márcia Gomes, Rocky Beeson e Susana Soares.

© Francisco Narciso

O programa desta edição inclui ainda dezenas de conversas e pequenas conferências, que se multiplicam por diferentes temas e abordagens. Enquanto o ciclo Workshops é dirigido a profissionais, estudantes e entusiastas da área, as StorySessions dão espaço a testemunhos de todo o mundo, histórias sobre design colaborativo, de apoio à comunidade artística e de luta contra o desperdício. Paralelamente, as DesignerTalks vão aproximar os criadores da ModaLisboa e as suas experiências mais recentes do público.

“Há seis meses [quando a ModaLisboa realizou uma edição híbrida no Parque Eduardo VII], a indústria da moda não estava como está agora. O nosso programa tem um excesso de conversas, mas porque as pessoas precisam mesmo de conversar e de se sentirem incluídas. São quatro dias em que a área da moda vai estar a refletir sobre si própria”, adiciona Abbondanza.

O desfile de Ricardo Preto, marcado para domingo às 21h, encerrará esta edição da ModaLisboa © Melissa Vieira/Observador

As compras não foram esquecidas — o Wonder Room está de volta e muito bem apetrechado. São 64 marcas e designers que, durante os próximos quatro dias vão ter as suas peças à venda, numa montra com a curadoria da ModaLisboa. Em simultâneo, fruto da parceria com a Gow Public, alguns dos criadores que apresentam nesta edição vão ter as suas peças à venda, num modelo de see now buy now.