Com o fim de apoios à economia como o lay-off e com o aproximar do verão, quando as despesas salariais aumentam, teme-se uma vaga de despedimentos até julho, numa situação que se pode agravar até final do ano, quando termina a proibição de dispensas de trabalhadores por parte de empresas que tiveram apoios.

De acordo com o Jornal de Notícias, que ouviu advogados e associações sindicais, existe uma enorme preocupação com uma vaga de despedimentos após o final dos apoios do Estado e dos períodos de carência que impedem as empresas de despedir trabalhadores.

“Eu posso dizer, sem citar nomes, que já noto vários clientes que, se não houvesse este impedimento, estariam a despedir. E não notei tanto essa necessidade em 2020″, disse Levi França Machado, advogado da CCR Legal, um escritório que trabalha com empresas de grande dimensão em Portugal.

Os setores que podem vir a ser mais afetados são os tradicionais, como o têxtil, calçado ou metalurgia, mas também os ligados ao turismo, onde houve uma maior procura pelo lay-off (25% do total dos pedidos), como a restauração, a aviação ou o alojamento. O período de verão gera particular apreensão, devido ao pagamento do subsídio de férias.

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Na segunda-feira, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins, alertou que os despedimentos coletivos no setor vão ser “inevitáveis” caso os apoios ao emprego não sejam prolongados. No caso do programa Apoio à Retoma, o período de carência que proíbe os despedimentos termina no final de novembro.

Sem apoios prolongados, despedimentos coletivos na hotelaria vão ser “inevitáveis”

Segundo os números compilados pelo JN, houve 725 despedimentos coletivos em Portugal desde março do ano passado, um aumento superior a 100% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2021, em janeiro e fevereiro foram iniciados 88 processos de despedimento coletivo que abrangem 907 trabalhadores.

Além, várias empresas de grande dimensão já começaram a avançar com programas para reduzir os custos com trabalhadores, entre elas a Altice ou a TAP.