O Japão admitiu pela primeira vez esta quinta-feira que o cancelamento dos Jogos Olímpicos, adiados desde o verão passado e com arranque marcado para o próximo dia 23 de julho, continua a ser uma hipótese em cima da mesa.

Numa entrevista à TBS, Toshihiro Nikai, secretário-geral do Partido Liberal Democrata (LDP) do primeiro-ministro Yoshihide Suga, quebrou o tabu, reconheceu que os Jogos são “uma grande oportunidade” para o Japão mas revelou também que, caso a situação epidemiológica se complique, não poderá haver outra opção que não a de cancelar o evento.

“Qual é o objetivo dos Jogos Olímpicos se forem responsáveis pela propagação de infeções? Nesse momento vamos ter de tomar uma decisão”, reconheceu Nikai, agora que já faltam menos de 100 dias para o arranque da competição. “Se for impossível, então devem ser cancelados.”

Com o fim do estado de emergência, decretado depois de em janeiro o número de novos casos ter escalado, o país assiste novamente a um recrudescer das infeções, sobretudo em Tóquio, mas não só: Osaka, por exemplo, atingiu um novo máximo esta quarta-feira, mais 1.130 em apenas 24 horas.

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O facto de só 0,4% da população estar, para já, devidamente vacinada contra a Covid-19, tinha revelado esta quarta-feira a CNN, também não ajuda. De acordo com a cadeia americana, apesar de Yoshihide Suga ter repetido esta segunda-feira que até ao final de junho o país vai distribuir 100 milhões de doses, até agora só 1,1 milhões de pessoas, numa população total de 126 milhões, receberam qualquer dose da vacina.

Quando recentemente questionaram os responsáveis pelos Jogos sobre de que forma ia ser assegurada a sua proteção durante o evento, vários voluntários receberam em troca um frasco de álcool gel e duas máscaras. “Eles não falam sobre a vacina, nem sequer dizem nada sobre sermos testados”, revelou à CNN a voluntária alemã Barbara Holthus, diretora do Instituto Alemão de Estudos Japoneses da Universidade Sophia, na capital japonesa.

Desde o início da pandemia, o Japão registou cerca de 512 mil casos de infeção pelo SARS-CoV-2; 9.469 pessoas morreram.