Marcelo Rebelo de Sousa voltou a dizer na declaração que fez ao país esta quarta-feira ao início da noite que “desejaria que esta fosse a última renovação do estado de emergência”. Numa declaração mais curta do que o habitual, o Presidente da República elogiou os portugueses e admitiu confinamentos locais para garantir um verão e um outono diferentes.

O chefe de Estado começou por recordar que este foi “o segundo e mais longo estado de emergência”, sublinhando que “o período mais difícil foi o que se seguiu ao período de confinamento no dia 15 de janeiro”.

Nesse período, frisou, o país esteve mesmo “na pior situação na Europa e no mundo” e, por isso, defende agora, o “desconfinamento deve seguir o seu ritmo de forma gradual e sensata”.

“Cada vez mais vulneráveis dos mais vulneráveis estão já protegidos”

Quanto aos portugueses e à forma como se têm comportado, o Presidente da República reforçou que respondem sempre com “coragem e solidariedade” aos problemas.

Salientou também, no que toca à vacinação, que “quando problemas de fornecimento de vacinas parecem para alguns obstáculos instranponíveis, a verdade é que cada vez mais vulneráveis dos mais vulneráveis estão já protegidos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Marcelo entende que é isto que “também ajuda a explicar a essencial redução e depois estabilização de internamentos, de cuidados intensivos e de mortos a que assistimos nas últimas semanas, mesmo com o R(t) e o número de casos a subirem com a mobilidade social”.

Presidente admite “confinamentos locais” para garantir um verão e um outono diferentes

Na sua declaração, o Presidente da República avisou que, apesar de o desconfinamento criar a “sensação de alívio definitivo, o caminho que se segue vai ser muito trabalhoso”. Antes de mais, apontou, “vai dar trabalho na pandemia, sobretudo nas áreas com situação mais críticas e no resto do território para evitar a subida dos números, agora estabilizados”.

Depois, alertou, “vai dar trabalho nos números de economia”, apesar de haver atividades que não pararam e dos apoios do Estado para manter o emprego. O pior, ainda assim, é mesmo a “situação das pessoas”, sendo fundamental que “o que ficou nas suas cabeças, pesa muito: as solidões dramáticas dos mais idosos; as marcas na vida pessoal de todos, com crises, frustrações ou desestruturações irreversíveis, o agravamento da pobreza”.

Marcelo disse mesmo que “a economia demorará a dar os passos da reconstrução”, mas “a sociedade demorará muito mais.” E defendeu, por isso, que 2021 deverá ser “o ano do início da reconstrução social, sustentada e justa”.

O Presidente pediu aos portugueses “ainda mais um esforço para tornar impossível o termos de voltar atrás, para que o estado de emergência caminhe para o fim, para um calendário de desconfinamento que possa prosseguir com segurança para que o calendário das restrições e os confinamentos locais, se necessários, garantam um verão e um outono diferentes”.

O “começo da ponta final do período mais difícil”

A terminar, o chefe de Estado afirmou que este é o “começo da ponta final do período mais difícil da vida coletiva desde a Gripe Espanhola, em termos de saúde pública. Com mais mortes do que a Grande Guerra ou as lutas africanas de há sessenta/cinquenta anos”.

O Presidente concluiu que “é ocasião para recordarmos os que partiram, cuidarmos dos que ainda sofrem, prevenirmos que muitos mais e por muito mais tempo não venham a sofrer. E reconstruirmos a vida de todos”: “É altura de pensarmos no futuro com o orgulho de termos estado como povo à altura dos grandes desafios”.