A maior parte (oito) dos elementos da direção do Chega dos Açores, composta por 11 elementos, demitiram-se em solidariedade com o seu líder demissionário, Carlos Furtado, que é de novo candidato, manifestando assim o seu “justo apoio“.

No documento que fizeram chegar ao presidente da mesa da assembleia regional do partido, estes elementos da direção manifestam o seu “apoio a Carlos Furtado, em função do trabalho desenvolvido por este e da harmonia interna que sempre promoveu durante o tempo em que encabeçou a comissão instaladora do partido e, posteriormente, a direção regional, assim como nos trabalhos de organização das eleições regionais do passado ano”.

“Os elementos dos orgãos regionais do Partido Chega, que infra assinam este comunicado, vêm por este meio manifestar o justo apoio ao presidente demissionário Carlos Furtado, na sequência do teor infundamentado e difamatório que acompanhou a comunicação de desistência de candidatura à presidência da direção regional de um dirigente do partido”, pode ler-se no teor do texto assinado, divulgado em nota de imprensa.

Para os demissionários, Carlos Furtado “sempre assumiu o cargo e respetivas competências com todo o rigor, imparcialidade e sentido de dever, em registo de plena democracia e cordialidade, para com os demais elementos dos órgãos regionais”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Alem disso, no exercício das suas competências, sempre tornou claro a sua estratégia de direção do partido, sendo que a mesma foi sendo comunicada e acordada com os demais elementos da direção, que participavam das reuniões de trabalho e que percecionaram que as suas opiniões foram auscultadas em todas as decisões”, refere-se no documento.

Os dirigentes consideram que, “até à data, Carlos Furtado nunca foi promotor de divergências, difamações e instabilidade interna”.

Acresce que os relacionamentos com os órgãos nacionais “foram sempre sendo comunicados à direção regional e estes entendimentos foram sempre possíveis, graças à serenidade que o mesmo observou em todas as tomadas de posição”.

Segundo os autores do documento, os trabalhos desenvolvidos para a preparação das eleições regionais foram “concretizados com profissionalismo, dedicação e sempre no objetivo de não diminuir candidatos e candidaturas”, com base na interpretação de que “o partido deveria ter a melhor atenção possível em todas as ilhas a que o partido apresentou listas”.

De acordo com os demissionários, esta foi uma “marca indelével do comportamento de Carlos Furtado, contrapondo com outro elemento da direção“.

Os autores do documento “repudiam as acusações efetuadas, pelo ainda vice-presidente do partido, uma vez que delas constam acusações infundamentadas e difamatórias, que nada contribuem para a dignificação da política e do bem-estar do partido”.

O membro da direção do Chega dos Açores Fernando Mota criticou na terça-feira o processo para as eleições na estrutura regional e pediu ao Conselho de Jurisdição Nacional do partido para impugnar o ato eleitoral marcado para 01 de maio.

Esse processo eleitoral está cheio de incongruências. Existem regras que têm de ser cumpridas e que não foram. Perante isso, eu não acredito que no dia 01 de maio haja as eleições”, declarou Fernando Mota à agência Lusa.

O dirigente criticou o presidente demissionário Carlos Furtado por ter “desrespeitado” os estatutos e o regulamento eleitoral do partido. As eleições no partido surgem depois de, em 14 de março, ter sido tornado público que Furtado apresentara a sua demissão por causa de divergências com José Pacheco, secretário-geral e também deputado regional.

Em 3 de abril, o então candidato à liderança regional do Chega dos Açores, José Pacheco, disse desconhecer a data avançada para as eleições internas na estrutura regional, levando Carlos Furtado a criticar a deslealdade de Pacheco.

Em 6 de abril, José Pacheco revelou que não iria ser candidato à liderança da estrutura regional do partido, ao contrário do que tinha anunciado, por entender que tem o “dever” de “acabar” com as “divergências“.