O “drifter”, o nómada que vive na estrada e sem destino certo por necessidade, gosto, inadaptação ou alergia à existência em sociedade, é uma figura central da cultura americana, com muita expressão na literatura, no cinema ou na música. Os EUA são um país-continente, e a sua vastidão e características geográficas favorecem a mobilidade e a errância. Alguns milhões de americanos, e de famílias americanas, vivem vidas itinerantes permanentemente, ou durante boa parte do ano, como o comprova o variado e próspero mercado das casas móveis e autocaravanas, com modelos que vão do mais básico e acessível ao mais luxuoso e dispendioso.
Além da ficção, há inúmeros livros de reportagem, de investigação e de sociologia sobre o fenómeno do nomadismo nos EUA. Nomadland — Surviving America in the Twenty-First Century, da jornalista Jessica Bruder, especializada em subculturas, e que deu origem a “Nomadland — Sobreviver na América”, de Chloé Zhao (estreia-se na próxima segunda-feira), também candidato a seis Óscares, é apenas um deles, centrado em pessoas mais velhas que, após a crise de 2007, foram viver estrada fora, por escolha ou por necessidade. Existe mesmo na América uma subcultura de jovens “drifters”, documentada pela escritora Chris Urquhart no seu livro Dirty Kids: Chasing Freedom with America’s Nomads.
[Veja o “trailer” de “Nomadland — Sobreviver na América”:]
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