O premiado filme “Nomadland – Sobreviver na América”, da realizadora Chloé Zhao, é a aposta de grande parte das exibidoras para assinalar, a partir de segunda-feira, a reabertura das salas de cinema.

Seguindo o plano de desconfinamento e de reabertura da atividade cultural, na segunda-feira reabrem os teatros, as salas de cinema e de espetáculos na generalidade do território nacional, exceto nos concelhos de Moura, Odemira, Portimão, Rio Maior, Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela, onde a situação de risco pandémico da covid-19 é mais elevada.

Embora as estreias cinematográficas sejam habitualmente à quinta-feira, muitas exibidoras decidiram antecipar para segunda-feira a estreia em sala de um dos filmes que mais prémios tem conquistado e que é favorito aos Óscares: “Nomadland – Sobreviver na América”, da cineasta sino-americana Chloé Zhao.

Protagonizado por Frances McDdormand, vencedor de dois Globos de Ouro e nomeado para sete Óscares, o filme conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica.

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O filme estará em cartaz tanto nos multiplexes, de exibidoras como a NOS e UCI, como nas salas independentes, como os cinemas Nimas e Ideal, em Lisboa, e cinema Trindade, no Porto.

O funcionamento das salas de cinema nesta reabertura será nos mesmos moldes aquando do encerramento, com obrigatoriedade de uso de máscara, de distanciamento, de higienização dos espaços, de circuitos de circulação.

Quanto aos horários de funcionamento, segundo a Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), as salas de espetáculos, cinemas, auditórios e teatros terão de encerrar às 22:00, durante a semana, e às 13:00 aos fins de semana.

Os dados mais recentes do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) indicam que o parque de exibição cinematográfica em Portugal conta com 561 salas de cinema, mas questionada pela agência Lusa, fonte do organismo disse não dispor de informação sobre o número real de salas que vão reabrir.

A 06 de abril, numa audição parlamentar, a Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC) alertava que o mapa da exibição de cinema poderá “encolher de forma bastante substancial” por causa da pandemia, calculando para este ano uma quebra de 50% nas receitas.

“Temos uma data de abertura com imensas restrições, pelo menos nos primeiros 15 dias, e isso trará problemas acrescidos a uma atividade que está representada de norte a sul do país, 365 dias por ano, e em que há um risco extremamente elevado de encolher de forma bastante substancial a sua oferta de cinema aos portugueses”, afirmou na altura Paulo Aguiar, da direção da APEC.

Segundo o ICA, com a pandemia da covid-19, a exibição cinematográfica em Portugal sofreu, em 2020, uma quebra de 75,55% em audiência e em receitas face a 2019, para um total de apenas 3,77 milhões de espectadores e 20,4 milhões de euros.

Em fevereiro, Paulo Aguiar tinha revelado à agência Lusa que entre 300 a 400 pessoas terão ficado sem trabalho com a redução de atividade e fecho temporário das salas de cinema, desde o começo da pandemia.

Segundo a APEC, entre 1.500 a 1.600 pessoas trabalham direta ou indiretamente no setor da exibição cinematográfica, mas a redução de atividade das salas de cinema e os dois períodos de encerramento temporário levaram a que “entre 300 a 400 pessoas possam ter deixado este negócio”.

Além de “Nomadland – Sobreviver na América”, as salas de cinema contarão, nas próximas semanas, com filmes como “Mortal Kombat”, de Simon McQuoid, a animação “Raya e o último dragão”, de Carlos Estrada e Don Hall, “Mais uma rodada”, de Thomas Vinterberg, e “Uma rapariga com potencial”, de Emerald Fennell.

Para maio está prevista a estreia de um dos sucessos de bilheteira à escala do confinamento global, “Godzilla vs Kong”, de Adam Wingward, e que, segundo contas da revista Variety, obteve cerca de 70 milhões de dólares (58,4 milhões de euros) de receitas globais nas salas que puderam estar a funcionar.

Algumas das salas independentes vão ainda recuperar ciclos que ficaram interrompidos, como o cinema Ideal, que exibirá quatro filmes do sul-coreano Hong Sang Soo, ou o cinema Trindade, com sessões dedicadas a Wong Kar Wai.

Destaque ainda para os cineclubes, que reinventaram o contacto com o público em tempo de pandemia, e se preparam também para retomar atividade, como o cineclube de Viseu que, este mês, exibirá “Prazer, Camaradas”, de José Filipe Costa, ou o Alvalade Cineclube, em Lisboa, que no dia 22 exibirá “O Que Arde”, do espanhol Oliver Laxe.