A primeira estação espacial, precursora da atual “casa” dos astronautas, foi lançada há 50 anos pela União Soviética, que com o nome Salyut quis saudar o cosmonauta Iuri Gagarin, o primeiro Homem que esteve no espaço.

A Salyut 1, a primeira de sete estações espaciais soviéticas do programa Salyut, foi lançada em 19 de abril de 1971, num foguetão Proton, depois de Iuri Gagarin ter, 10 anos antes, em 12 de abril de 1961, orbitado a Terra a bordo da nave Vostok 1.

A estação teve uma curta vida, ao reentrar na atmosfera terrestre em 11 de outubro de 1971 e cair no oceano Pacífico, e foi apenas ocupada em junho por três cosmonautas que morreram no regresso à Terra após uma estada de 23 dias.

Após a façanha de ter colocado o primeiro Homem no espaço, a então União Soviética inaugurou com a Salyut 1 o programa de estações orbitais Salyut que terminou em 1982 com o envio da Salyut 7, mas que lhe permitiu, com a experiência adquirida, lançar as bases para o desenvolvimento e operação da estação espacial em módulos Mir, a primeira do género, que funcionou entre 1986 e 2001.

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As estações Salyut serviram como alojamento para cosmonautas e laboratórios científicos ou como plataformas de reconhecimento militar. Apenas uma não foi utilizada, a Salyut 2, lançada em 1973 e que foi afetada por uma explosão depois de colocada em órbita.

Ainda hoje, fruto dos resquícios desses tempos, a atual Estação Espacial Internacional (EEI), que foi instalada igualmente por módulos na órbita terrestre, entre 1998 e 2011, é “morada” e laboratório de astronautas e cosmonautas.

A estação Salyut 1 tinha uma forma cilíndrica e uma única porta de atracação para naves espaciais, as Soyuz, concebidas inicialmente para missões lunares, e estava equipada para albergar três cosmonautas por temporadas de dois meses (a EEI tem capacidade para receber seis astronautas por seis meses).

Embora a primeira tripulação da Salyut 1 tenha chegado à estação cinco dias depois do seu lançamento, os cosmonautas não puderam abrir a escotilha da nave e tiveram de regressar à Terra.

A tripulação inaugural e única da estação esteve 23 dias, mas morreu quando a nave Soyuz perdeu ar por uma válvula na reentrada na atmosfera terrestre (à época, as naves Soyuz, que ainda são usadas, não possuíam um sistema de suporte para fatos espaciais pressurizados).

Três dias depois de os soviéticos terem enviado a malograda Salyut 2, os norte-americanos lançaram a sua primeira estação espacial, a Skylab, em 14 de maio de 1973. Mas o ‘laboratório do céu’ só foi “habitado” durante oito meses e meio, por tripulações de três astronautas, antes de reentrar na atmosfera terrestre em 1979.

A China, que só mais recentemente entrou na corrida espacial, teve duas estações, a Tiangong 1, que orbitou a Terra entre setembro de 2011 e abril de 2018, e a Tiangong 2, que recebeu os seus dois únicos tripulantes em outubro 2016, antes de ser desativada em outubro de 2018. O país planeia construir até 2022 uma estação espacial maior do que estes dois ‘palácios celestiais’.

A EEI, que juntou russos, norte-americanos, europeus, japoneses e canadianos, deverá funcionar pelo menos até 2028.

Espera-se que antes uma nova estação espacial, a Gateway, esteja operacional, mas na órbita da Lua, para receber astronautas para futuras missões prolongadas ao satélite natural da Terra ou mesmo a Marte.

Em março, a Rússia demarcou-se do projeto lançado (e apoiado pelos restantes parceiros da EEI) pelos Estados Unidos, que querem ter novamente astronautas na superfície da Lua a partir de 2024, e aliou-se à China para criar uma estação espacial lunar “com acesso aberto a todos os países interessados e parceiros internacionais”.

Para a Rússia, que pretende enviar uma missão tripulada à Lua em 2031, o programa lunar norte-americano converteu-se num “grande projeto político”, uma crítica que faz reavivar a tensão geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética que ficou conhecida como Guerra Fria e que marcou a conquista do espaço nas décadas de 1950, 1960 e 1970.