O ministro da Defesa Nacional defendeu esta terça-feira que a União Europeia (UE) “tem de estar na vanguarda da inovação tecnológica”, tendo em conta que o desenvolvimento de tecnologias disruptivas irá ter um “grande impacto” nas sociedades.

“Temos de nos assegurar que a Europa está na vanguarda da inovação tecnológica, temos de nos assegurar que tomamos em consideração o impacto das novas tecnologias (disruptivas) na defesa e segurança, mas também que defendemos os direitos dos cidadãos e seguimos um caminho que é ambientalmente sustentável”, disse João Gomes Cravinho.

O ministro da Defesa Nacional falava durante uma conferência intitulada “Impacto das tecnologias disruptivas na Defesa”, que teve lugar virtualmente e que foi coorganizada pela presidência portuguesa do Conselho da UE e pela Agência Europeia de Defesa.

Sublinhando que a “inovação criou avanços extraordinários”, dando o exemplo da criação da internet ou da descoberta das vacinas, João Gomes Cravinho frisou que a emergência de novas tecnologias disruptivas não “tem talvez paralelo, no passado, em termos de intensidade”.

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“As tecnologias disruptivas emergentes — e, em particular, a ligação entre dados, inteligência artificial e sistemas autónomos —, prometem ter um grande impacto e requerem uma monitorização constante dos seus riscos e oportunidades”, apontou.

Argumentando assim que a UE “deve investir no desenvolvimento de ecossistemas dinâmicos no (setor da) defesa, que mobilizam os melhores recursos da sociedade”, o ministro destacou três eixos que devem guiar a política europeia no que se refere ao desenvolvimento das tecnologias disruptivas.

O primeiro, referiu, é o “fortalecimento da cooperação” entre a UE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), de maneira a permitir que os dois parceiros “recuperem e mantenham a vantagem tecnológica”.

A inteligência artificial e a aprendizagem automatizada representam para nós uma preocupação real: a quantidade crescente de dados disponíveis e a influência crescente de novas potências emergentes e atores não estatais no terreno, fazem com que a colaboração entre a NATO e a UE seja uma necessidade”, sublinhou.

Além disso, a UE deve também “apoiar” os estados-membros no desenvolvimento das suas “capacidades nacionais” no que se refere às tecnologias disruptivas, de maneira a “tirar partido do melhor que há na indústria, no governo e na academia”.

Os Estados devem ser encorajados a trabalhar com setores não tradicionais de defesa e a criar parcerias inovadoras com os motores da inovação [no setor das] tecnologias disruptivas emergentes. As abordagens colaborativas e a interoperabilidade vão ser chave para o sucesso” europeu, precisou.

Reiterando assim que “as vozes da indústria e da academia representam uma fonte de experiência, talento e competência” que a UE “não deve ignorar”, Gomes Cravinho abordou o terceiro ponto, que consiste na criação de “fortes sinergias” dentro dos estados-membros, das sociedades europeias e entre os diferentes países da UE.

Neste setor competitivo (das tecnologias disruptivas emergentes), temos de encontrar novas maneiras de melhorar as sinergias entre as indústrias civis, de defesa e espaciais, mas também temos de encontrar novos procedimentos que envolvam a indústria num estado precoce do desenvolvimento de capacidades, e que liguem experimentações, testes, desenvolvimento de padrões e boas práticas”, apontou.

Gomes Cravinho enfatizou assim que, na área das novas tecnologias disruptivas, “há uma grande oportunidade para aprender, melhorar, e assegurar uma defesa e segurança mais eficaz para os cidadãos europeus”.

“Acima de tudo, a Europa tem de ser audaz no que toca ao apoio às tecnologias disruptivas emergentes, em estimular soluções criativas e inovadoras que são cruciais para a autonomia estratégica da UE no domínio da defesa, e que têm benefícios diretos e indiretos no domínio civil”, concluiu.

A conferência de alto nível intitulada “Impacto das tecnologias disruptivas na defesa”, organizada pela presidência portuguesa e pela Agência de Defesa Europeia, tem como objetivo promover um “debate aprofundado” sobre a necessidade da UE desenvolver as tecnologias disruptivas emergentes e “aumentar as suas capacidades de defesa”.