Os trabalhadores da EDP cumprem esta segunda-feira uma greve nacional para reivindicar aumentos salariais e uma “mais justa” progressão na carreira, com concentração prevista pelas 11h00 junto à sede da empresa, em Lisboa.

Em comunicado, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal – CGTP-IN) diz recusar “que gozem com quem trabalha” e exorta os trabalhadores a mostrarem “o seu descontentamento, aderindo à greve de 24 horas e participando na concentração” marcada para a Avenida 24 de Julho.

Segundo adianta, nessa altura será entregue um abaixo-assinado “por uma nova e mais justa progressão nas carreiras”, que a federação diz ter recolhido “centenas de assinaturas de trabalhadores da EDP”.

Em causa está o que a Fiequimetal descreve como uma “postura escandalosa da administração da EDP, que beneficia salários moralmente inaceitáveis, enquanto aos trabalhadores dirige ‘elogios públicos’ e ‘pontapés privados'”.

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Para a federação, a proposta da administração da EDP para aumentos salariais de 0,5% é “uma miséria”: “Durante seis reuniões [a empresa] andou a dizer que não pretendia aumentar salários, depois lá foi, timidamente, alterando e, neste momento, está com 0,5 [%], que é uma miséria para uma empresa que teve 801 milhões de euros de lucro”, disse à agência Lusa o representante da Fiequimetal responsável pelas negociações com a EDP e trabalhador na empresa há 34 anos.

Conforme explicou Joaquim Gervásio, a proposta inicial dos sindicatos era de 90 euros de aumento, mas estes sempre se manifestaram “abertos a negociação”.

Dissemos inclusive à empresa que não aceitávamos começar a negociar enquanto a empresa não pusesse na mesa pelo menos o equivalente àquilo que subiu o salário mínimo nacional, porque isto é uma empresa que tem trabalhadores muito especializados, são trabalhadores altamente especializados, necessitam de ser valorizados”, afirmou.

Segundo o dirigente sindical, os trabalhadores, “que geram a riqueza”, sentem-se menos valorizados do que os acionistas, que “só compram ações uma vez” e recebem os dividendos todos os anos.

“Além dos mais de 800 milhões, relativos a 2020, que passaram para o lado dos lucros (dos quais mais de 753 milhões vão para dividendos), a administração vai pagar 2,4 milhões de euros nos próximos três anos ao antigo presidente (António Mexia) só para ele ficar sentado e ao atual CEO, Miguel Stilwell de Andrade, a administração propôs e os acionistas aprovaram pagar 1,4 milhões de euros por ano”, critica a Fiequimetal.

Segundo a federação, são os trabalhadores que “dão tudo para manter a EDP líder em inovação, defendendo uma empresa que tem de voltar a ser fundamental para o desenvolvimento do país e da economia”.