O Papa Francisco enviou uma mensagem à XXVI Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que decorre em Andorra, a apelar para uma “vacinação extensiva” para acabar com a pandemia da Covid-19.

“Reconhecendo os esforços na busca por uma vacina eficaz para a Covid-19 em tão pouco tempo, desejo reiterar que a imunização extensiva deve ser considerada um “bem comum universal“, noção que requer ações concretas que inspirem todo o processo de pesquisa, produção e distribuição de vacinas”, disse.

Francisco enviou esta mensagem numa carta lida pela secretária-geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, durante seu discurso no plenário da cimeira, que se realiza no Principado de Andorra.

O Papa considerou serem “particularmente bem-vindas as iniciativas que procurem criar novas formas de solidariedade a nível internacional, com mecanismos que visem garantir uma distribuição equitativa das vacinas, não com base em critérios puramente económicos, mas tendo em conta as necessidades de todos, especialmente dos mais vulneráveis e necessitados”.

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Na sua opinião “nada disso será possível sem uma forte vontade política que tenha coragem de decidir mudar as coisas, principalmente as prioridades, para que não sejam os pobres que paguem o maior custo desses dramas”.

“Em várias ocasiões tenho assinalado que temos que sair “melhor” desta pandemia, já que a crise atual é uma ocasião propícia para repensar a relação entre a pessoa e a economia que ajuda a superar o curto-circuito “da morte que vive em todos os lugares e em todos os momentos”, frisou.

O pontífice saudou os chefes de estado e de Governo que participaram na cimeira “num contexto particularmente difícil” devido ao impacto da pandemia, “que exigiu enormes sacrifícios de cada nação e exortou a comunidade internacional a se comprometer, unida, com um espírito de responsabilidade e fraternidade, para enfrentar os muitos desafios atuais e futuros”.

A Cimeira Ibero-Americana deveria ter sido realizada em novembro, mas devido à pandemia teve que ser adiada. Após algumas baixas de última hora, vão intervir os líderes de 16 dos 22 países da região, entre os quais Portugal. Rebeca Grynspan citou um pedido final de Francisco, que exigia dos políticos “coragem para decidir mudar as coisas” e “reformar a arquitetura internacional da dívida”.

Na carta divulgada minutos depois pelo Vaticano, o Papa também garante que “renegociar a dívida” dos mais necessitados “ajudará os povos a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas, saúde, educação e emprego”.

Devemos unir forças para criar um novo horizonte de expectativas onde o benefício económico não seja o objetivo principal, mas sim a proteção da vida humana. Nesse sentido, é urgente pensar em um modelo de recuperação capaz de gerar soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis, voltadas para o bem comum universal, cumprindo a promessa de Deus para todos os homens”, defendeu.

O Papa lembrou ainda “os milhões de vítimas e pacientes” de uma emergência que “não fez distinções e atingiu a todos“, o impacto nas crianças e nos jovens e o árduo trabalho dos profissionais de saúde, louvando ” os esforços na busca de uma vacina eficaz para Covid-19.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.046.134 mortos no mundo, resultantes de mais de 142,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 16.952 pessoas dos 832.255 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.