O Sindicato dos Jornalistas manifestou esta quarta-feira “profunda preocupação” com a Global Media, que comunicou a adesão do grupo ao apoio à retoma progressiva, o que vai implicar cortes para salários brutos superiores a 1.995 euros por mês.

Manifestando “toda a solidariedade” para com os trabalhadores, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) sublinha, em comunicado, o impacto que a decisão da Global Media Group (GMG) vai ter na vida pessoal dos trabalhadores, “aos quais se vai pedir maior esforço pelo mesmo ou menor salário”.

De acordo com o comunicado do SJ, a adesão à medida do apoio extraordinário à retoma progressiva (criada em agosto na sequência do lay-off simplificado) vai implicar uma redução de até 40% do horário de trabalho.

O plano, tal como já tinham avançado à Lusa trabalhadores da dona do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e TSF, entre outros títulos, começará a ser aplicado a partir de 5 de maio até ao final de setembro — mês em que está previsto terminar o apoio à retoma progressiva, uma das medidas criadas para mitigar o impacto da pandemia de Covid-19.

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Em comunicado, o Sindicato de Jornalistas refere que o plano poderá “pôr em causa a qualidade do jornalismo que é produzido pelos diversos órgãos daquele que é o maior grupo privado de comunicação social”, até porque acontece, lembra, “seis meses depois de um despedimento coletivo (de 81 trabalhadores, entre eles 17 jornalistas), que apenas não visou a TSF.

Este despedimento antecedeu a entrada do acionista maioritário Marco Galinha, do Grupo Bell, em setembro do ano passado, refere o SJ, assinalando que “cerca de meio ano depois, a situação financeira do GMG” serve para justificar a adesão a este novo plano, “apesar de a administração ter assumido que há sinais positivos nos vários órgãos do grupo”.

“O SJ estranha este cenário, mais ainda porque há poucas semanas houve novas contratações e investimentos, bem como promessas de aumentos em alguns meios de comunicação social do grupo e espera que a adoção do mesmo não seja um paliativo para a aplicação de outro tipo de medidas mais prejudiciais para os trabalhadores”, sublinha.

O SJ adianta ainda ter pedido, na semana passada, uma reunião urgente ao presidente do conselho de administração (CA) do GMG, “a propósito dos atrasos no pagamento aos colaboradores“, relativo a trabalhos realizados em fevereiro, “situação que, até à data, se mantém para alguns deles”.

A resposta chegou esta quarta-feira apenas com a indicação de que Marco Galinha atenderá o pedido de reunião em ‘data a conjugar’ na agenda”, assinala o comunicado.