O Irão foi um dos países nomeados  para integrar a Comissão sobre o Estatuto da Mulher da Organização das Nações Unidas (ONU), uma nomeação que está a gerar enorme indignação entre ativistas pela igualdade de género e organizações de defesa dos direitos humanos.

A nomeação de Teerão, na segunda-feira, levou a duras críticas por parte da UN Watch, uma ONG com sede em Genebra que monitoriza o trabalho da ONU, que falou numa escolha “absurda e moralmente repreensível”.

“Eleger a República Islâmica do Irão para proteger os direitos das mulheres é como escolher um incendiário para chefe dos bombeiros”, afirmou no Twitter Hillel Neuers, diretor executivo da UN Watch.

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“As Nações Unidas enviam a mensagem de que os direitos das mulheres podem ser vendidos em troca de acordos políticos nos bastidores, e dececionou milhões de vítimas femininas no Irão e em todo o mundo que procuram proteção neste organismo internacional”, lamentou Neurs, falando num “dia negro paras os direitos das mulheres e para os direitos humanos”.

No mesmo sentido, a jornalista iraniana e ativista pela defesa dos direitos das mulheres Masih Alinejad falou numa nomeação “surreal”.

“Um regime que trata as mulheres como cidadãs de segunda classe, que as prende por não usarem o hijab, que as proíbe de cantar, que as impede de entrar em estádios e não as deixa viajar para fora do país sem a permissão dos maridos é eleito para o principal órgão de direitos da mulher na ONU”, ironizou Alinejad no Twitter.

Além do Irão, para a Comissão sobre o Estatuto da Mulher da ONU foram nomeados, para mandatos de quatro anos a começarem em 2022, Cabo Verde, Egito, Mauritânia e Tunísia, Costa Rica, Panamá, Trinidad e Tobago, China, Japão, Líbano e Paquistão. Estes últimos três, tal como o Irão, foram escolhidos por votação secreta, ao contrário dos restantes, que foram nomeados por aclamação.

Ao longo dos anos, a República Islâmica tem sido recorrentemente criticado em relatórios de organizações não-governementais (ONG) como a Amnistia Internacional ou a Human Rights Watch, pela discriminação sistemática das mulheres.

No seu relatório anual, publicado há duas semanas, a Amnistia refere que as “mulheres continuam a enfrentar uma discriminação entrincheirada na lei”, seja ao nível do casamento, no divórcio ou no emprego. Além disso, acusa esta ONG, as autoridades iranianas têm “sujeitado milhões de mulheres e raparigas diariamente a assédios e ataques violentos, incluindo tortura e outros maus-tratos”.

Contudo, o Irão foi um dos países nomeados para Comissão sobre o Estatuto da Mulher das Nações Unidas, que tem como objetivo “promover os direitos das mulheres, relatar a realidade da vida das mulheres em todo o mundo, e moldar os padrões globais de igualdade de género e empoderamento das mulheres”.