A NATO considerou esta quinta-feira “importante” o anúncio pela Rússia de retirada de tropas concentradas na fronteira com a Ucrânia e países bálticos, sublinhando que manterá uma atitude “vigilante” face à situação.

Tomamos nota do anúncio do ministro da Defesa russo, Sergei Choigu. Qualquer passo em direção à redução da escalada pela Rússia é importante e necessário há muito tempo”, disse à Efe fonte da Aliança Atlântica.

A mesma fonte acrescentou que a organização “permanece vigilante e continuará a monitorizar de perto a concentração militar injustificada da Rússia dentro e ao redor da Ucrânia”. “A NATO apoia a Ucrânia e continuamos a apelar à Rússia para que respeite os seus compromissos internacionais e retire todas as suas forças do território ucraniano”, sublinhou a Aliança.

A NATO iniciou entretanto um exercício na região, “Defender Europe”, que o ministro da Defesa russo descreveu “como o maior dos últimos 30 anos“, dando instruções ao Alto Comando militar russo para “continuar a monitorizar” as manobras. Antes, a Rússia tinha anunciado que vai iniciar na sexta-feira a retirada das suas tropas concentradas perto da fronteira com a Ucrânia e na Crimeia anexada, ao referir que os exercícios foram concluídos.

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“As tropas demonstraram a sua capacidade em assegurar uma defesa fiável do país. Assim, decidi terminar as atividades de inspeção nos distritos militares do sul e do oeste”, fronteiriços com a Ucrânia, declarou o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, citado num comunicado.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com o anúncio de Moscovo de retirada das suas tropas, cujo destacamento provocou o ressurgimento de tensões internacionais. “A Ucrânia continua vigilante, mas congratula-se com qualquer medida visando reduzir a presença militar“, escreveu Zelensky na rede social Twitter.

A deslocação em massa de tropas para estas duas regiões e os exercícios militares na Crimeia que envolveram dezenas de navios, centenas de aviões e milhares de soldados, numa demonstração de força, suscitaram apreensões no Ocidente e em Kiev.

Os Estados Unidos e a NATO referiram que as manobras militares russas junto da Ucrânia foram as mais significativas desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e iniciou o apoio aos rebeldes separatistas do leste ucraniano. Moscovo rejeitou as alegações ucranianas e ocidentais sobre estas manobras, ao argumentar que tem o direito de deslocar as suas forças para qualquer região do território russo e alegar que não constituíam uma ameaça.

O Kremlin avisou ainda as autoridades ucranianas contra um eventual uso da força para retomar o controlo do leste rebelde, onde sete anos de combate provocaram mais de 14.000 mortos, e assegurando que a Rússia poderá ser forçada a intervir para proteger a população civil russófona da região.

Durante a recente conversa telefónica entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Joe Biden, este último pediu a retirada das tropas da fronteira ucraniana, manifestando apoio a Kiev perante a “agressão” russa.