O ministro da Defesa Nacional e o seu homólogo esloveno descreveram esta sexta-feira a Rússia como “uma ameaça” e receitaram a “unidade da União Europeia” como “o melhor remédio” para resolver o problema.

É evidente que o comportamento da Rússia constitui uma ameaça para a União Europeia (UE). A abordagem da Rússia enquadra-se no âmbito dos riscos para a UE”, declarou Gomes Cravinho, em conferência de imprensa conjunta com o esloveno Matej Tonin, após reunião informal de responsáveis pela Defesa dos 27, no Palácio Nacional de Queluz, Lisboa, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE).

A Rússia multiplicou nos últimos dias os exercícios no mar Negro e na Crimeia, anexada em 2014, com duas dezenas de navios, além da aviação e defesas antiaéreas. A medida foi denunciada como uma “escalada” por Washington e como “uma evolução altamente preocupante” pela União Europeia.

Aquilo que Putin [Presidente russo] disse ontem ou esta sexta-feira ou anteontem não foi objeto de reflexão. Sabemos, e cada vez melhor, o que esperar do lado do Presidente Putin. Não constitui nenhuma surpresa e faz parte dos nossos pressupostos sobre o mundo em que nos encontramos”, continuou o ministro português.

O responsável pela tutela do setor na Eslovénia, cujo país vai suceder a Portugal à frente do Conselho em 01 de julho, concordou com a classificação da Rússia como “ameaça“.

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“Aquilo que a Rússia está a fazer e como se está a comportar é uma ameaça absoluta para a UE. A Rússia é nosso adversário, muito simplesmente. O único remédio que resulta para a Rússia é a unidade europeia. É o que pode resolver os problemas”, disse Tonin.

Joe Biden vê na Europa “o seu melhor amigo”, diz Gomes Cravinho

O ministro da Defesa Nacional considera que o novo Presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, “olha para a Europa como o seu melhor amigo”, louvando a diferença “muito significativa” de atitude face ao republicano Donald Trump.

Em relação à parceria com os Estados Unidos da América (EUA), julgo que há uma diferença muito significativa que resulta da mudança da administração. A Administração Biden tornou muito claro que é fundamental processos de consulta e diálogo com a União Europeia (UE) e os parceiros e aliados europeus da NATO”, disse Gomes Cravinho

Antes de agir e tomar decisões [os EUA] falam connosco. A Administração Biden também tornou claro que olha para Europa como o seu melhor amigo, num mundo muito complicado, pleno de desafios. Não quer dizer harmonia perfeita, mas há uma profunda boa vontade, de parte a parte, para o desenvolvimento de respostas comuns, na medida em que há um espetro muito alargado de partilha de valores e interesses comuns”, continuou o governante português.

O encontro, sob a forma de seminário político, entre ministros, “vices” ou secretários de Estado da Defesa dos 27 estados-membros teve ainda a presença do comissário europeu para o Mercado Interno, o francês Thierry Breton, do diretor-executivo da Agência Europeia de Defesa, o checo Jirí Sedivý, e representantes da diplomacia europeia.

É absolutamente claro que, com a Administração Biden, o laço transatlântico é mais forte do que era e para a UE isso são boas noticias”, assentiu o responsável pela tutela do setor na Eslovénia, cujo país vai suceder a Portugal à frente do Conselho em 1 de julho.

Gomes Cravinho anunciou ainda para 6 de maio a realização de uma reunião formal ministros da Defesa, em Bruxelas, dedicada temática da gestão de crises, e um encontro informal dos mesmos responsáveis em 28 de maio, novamente em Lisboa.

A denominada “Bússola Estratégica” (futuro documento com os conceitos e políticas estratégicos e operativos para a política comum de segurança e defesa) vai continuar em cima da mesa até ser aprovada, previsivelmente em março de 2020, já com a França na presidência do Conselho.

A “Bússola” divide-se em quatro “cestos”, que estruturam o documento: “gestão de crises”, “resiliência”, “desenvolvimento de capacidades” e “desenvolvimento de parcerias”.