Quanto mais próximo o Bayern estava de revalidar o título na Bundesliga, mais problemas iam surgindo e logo no plano público. Tantos que, na antecâmara do match point, se falava de ameaças… dos próprios adeptos.

O senhor central Danilo ajudou um PSG que podia ter goleado a evitar eliminação – e Bayern prolongou a autodestruição na Europa

“Não sei o que se passou, muito menos consigo explicar. Penso que todos devem imaginar como é ser insultado e ter a família também insultada. O Brazzo [Salihamidzic] tem uma grande família, conheço muito bem o filho dele, o Nick. Passaram-se todas as linhas que não podem ser passadas”, comentou Hansi Flick, a propósito dos “ataques” nas redes sociais ao diretor desportivo, no seguimento do anúncio de saída no final da época feito pelo técnico e que gerou ainda mais mal estar em termos internos a seguir à eliminação da Champions. “Temos uma forma diferente de pensar, mas isso não invalida que não lhe dê valor pessoalmente. O futebol é importante, mas não é a coisa mais importante da vida. Houve um limite que foi ultrapassado e isso é inaceitável”.

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No meio de uma festa anunciada por antecipação, era das guerras internas dos bávaros que se falava, em mais um capítulo da autodestruição de um projeto vencedor pelo choque entre Salihamidzic e Flick que Rummenigge e Oliver Kahn perceberam de forma tardia e sem capacidade para inverter. Aquele que poderia ser só um dia de festa tornou-se sobretudo numa oportunidade para projetar o novo ciclo que irá nascer no conjunto de Munique, sem o treinador, sem David Alaba e sem outras prováveis saídas. Ainda assim, Flick preferia falar do que tinha ganho e do que podia ganhar e não do que entretanto se foi perdendo. “Acho que há poucas pessoas na história do Bayern que podem dizer que conseguiram sete troféus em duas épocas. E acho que é provável voltar a ter dois anos assim. Salihamidzic? Ele também fez parte deste sucesso”, destacara antes do jogo com o Mainz.

Depois, chegou o jogo. E houve de tudo um pouco menos o que se esperava, com uma primeira parte onde o Bayern chegou a ser vulgarizado em alguns momentos entre a pior prestação da época nos 45 minutos iniciais.

Jonathan Burkardt, logo no arranque da partida, tentou um remate de meia distância, Manuel Neuer não viu a bola partir, tentou depois fazer uma daquelas defesas como se estivesse a receber um serviço no voleibol e tocou apenas para a sua baliza, permitindo ao Mainz inaugurar o marcador no terceiro minuto. Surpresa na Open Arena mas que estava apenas a começar: Danny Latza acertou no poste à passagem dos dez minutos, Neuer evitou o golo de Robin Quaison aos 15′, Danny da Costa voltou a acertar no ferro beneficiando de um desvio após cruzamento que por pouco não deu autogolo (22′) e Quaison aumentou mesmo para 2-0, na sequência de um livre lateral na esquerda onde pareceu da melhor forma a desviar de cabeça para o segundo golo (37′).

Em caso de vitória, o Bayern podia sagrar-se campeão. Contas feitas, terminava a primeira parte com apenas dois lances de algum perigo, num remate por cima do regressado Lewandowski e em mais uma jogada finalizada por Thomas Müller. O Mainz, que procura assegurar a permanência de forma matemática, marcou dois golos, teve duas bolas nos postes e viu Manuel Neuer evitar ainda mais duas oportunidades flagrantes em 45 minutos. Mais do que a derrota, havia quase uma questão de orgulho em causa. E Hansi Flick mostrou isso mesmo ao intervalo, promovendo logo três substituições com as entradas de Nianzou, Musiala e Choupo-Moting.

No entanto, o rolo compressor encravou de uma forma como poucas vezes se viu esta temporada, com Flick a não gostar mas a manter uma postura aparentemente calma perante o indisfarçável nervosismo também no banco de Salihamidzic, a passar as mãos pela cara minuto-sim-minuto-não perante aquilo que ia acontecendo em campo. E se é verdade que o Mainz perdeu quase por completo a capacidade de saída em transições, o Bayern também nunca conseguiu criar muitas oportunidades flagrantes para reentrar cedo na discussão do encontro, voltando assim a perder oito jogos depois (sete vitórias e um empate) e vendo o nono título seguido adiado ou para este domingo (se RB Leipzig perder com o Estugarda) ou para daqui a duas semanas (receção ao B. Mönchengladbach) apesar do golo de Lewandowski no último minuto de descontos (90+4′).