Desde a primeira volta que aquela reta da meta via o DC Techeetat de António Félix da Costa sair disparado na frente, a deixar o spray da pista molhada para trás e reforçar a liderança. Uma, duas, várias vezes, com ou sem safety car na pista. Naquele último momento, mesmo a acabar a primeira corrida do Valência ePrix, tudo mudou: o português teve de tirar o pé do acelerador para poupar o 1% de energia que ainda tinha, baixou para quinto na derradeira volta, caiu ainda para a sétima posição e acabou, já depois da corrida, por ser desclassificado. Aquilo que tinha todas as condições para ser o recomeço perfeito de campeonato e colocar o campeão mundial entre as primeiras posições da Fórmula E tornou-se um rude golpe que nem os três pontos da pole position apagaram.

E tudo a bateria levou: Félix da Costa ganhou pole, esteve sempre na frente, caiu para sétimo e acabou desqualificado

“Este não é, obviamente, o tipo de final que um fã de desportos motorizados quer ver, independentemente do nome do vencedor. Admito que sofri um duro golpe, difícil de engolir. Foi um dia perfeito. Seja em pista seca ou à chuva, conseguimos alcançar tudo na perfeição antes de iniciarmos esta última volta, pelo que sim, dói muito. Mas amanhã [domingo] é mais um dia e teremos nova oportunidade de marcar pontos. É esse o objetivo”, comentou Félix da Costa após sanção, explicada pela própria equipa pelo facto de “ter excedido a quota de energia permitida” numa corrida onde houve muitas críticas às decisões tomadas pelos comissários na prova.

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“É uma grande desilusão para nós porque os nossos carros mostraram-se muito eficientes. O António foi muito rápido na qualificação e muito eficiente na corrida. Este resultado não reflete a nossa força, sendo resultado de um mal entendido entre o diretor de prova e os estrategas da equipa. Claro que o diretor de prova tem a opção de reduzir o volume de energia após uma neutralização com um safety car, mas não é uma obrigação. Eles esperavam que perdêssemos tempo de modo voluntário antes de cruzarmos a linha de meta, sendo que do nosso lado não esperávamos esta inapropriada retirada de energia. Este mal entendido conduziu a esta situação lamentável. Não houve problemas técnicos, é também consequência da utilização de um circuito fora do comum para a Fórmula E, confirmando que os traçados citadinos são a essência da disciplina”, referiu também a esse propósito Thomas Chevaucher, novo diretor da DC Performance, citado pelo Autosport.

Até àquela última volta, Félix da Costa estava virtualmente no segundo lugar do Mundial com 49 pontos e ficaria apenas a um do líder da competição, Nyck de Vries; ao invés, e sem os 25 pontos da vitória, desceu para a 12.ª posição com apenas 24 pontos, a 33 pontos do holandês da Mercedes que viu ainda Stoffel Vandoorne sair na primeira corrida do último lugar mas a tempo de alcançar o pódio e ficar em segundo na classificação. Também por isso, a corrida 2 do Valência ePrix assumia ainda mais importância pela falta de margem para o português.

Agora, e ao contrário da pole position na véspera, António Félix da Costa saía da 12.ª posição sendo “prejudicado” por ter rodado no início ainda sem a melhoria nas condições que beneficiaram mais tarde os últimos a sair para a pista como Jake Dennis, que fez o melhor registo na super pole à frente de André Lotterer e Alex Lynn. Ainda assim, conseguiu um promissor arranque que permitiu uma subida ao décimo lugar logo no arranque, antes de passar para nono ultrapassando Sébastien Buemi e de voltar a baixar ultrapassado por Sérgio Sette Câmara, recuperando pouco depois essa mesma posição atrás de Oliver Rowland. Lá na frente, reinavam os britânicos com Jake Dennis na frente, Alex Lynn em segundo e Oliver Turvey em terceiro.

O português chegou depois a andar por alguns momentos no sétimo lugar, desceu depois para nono após uma saída de curva onde entrou em contacto com René Rast e foi ultrapassado por Oliver Rowland e deitou de vez abaixo as hipóteses de conseguir um bom resultado ao perder cinco posições numa altura mais confusa da corrida, não se percebendo até se não haveria algum problema com o carro após o toque com o alemão perante a facilidade com que António Félix da Costa perdia lugares antes de uma penalização por drive through que deixou o português na 22.ª posição e confirmou o primeiro fim de semana sem conseguir qualquer ponto, após o terceiro lugar conseguido na segunda corrida em Diriyah e do sétimo posto na segunda corrida em Roma. Em paralelo, este foi o pior resultado na Fórmula E do português em corridas em que chegou ao fim, abaixo do 16.º em 2016/17 em Berlim quando estava ainda na equipa da MS Amlin Andretti. Na DS Techeetat, o pior resultado tinha sido logo na corrida inicial que fez no novo conjunto, quando acabou em 14.º em Diriyah, em 2019.

Jake Dennis, da BMW Andretti, fechou uma prova quase perfeita com a vitória, somando 29 pontos entre g stage, pole position e corrida (só não fez a volta mais rápida), à frente do alemão André Lotterer (Porsche) e do também britânico Alex Lynn (Mahindra). Do top 10 da classificação geral à partida para esta sexta prova do Mundial, só René Rast (sexto), Jean-Éric Vergne (sétimo) e Edoardo Mortara (nono) conseguiram pontuar.

Em atualização