Pode uma derrota servir como cartão de visita para manter uma equipa em destaque? Pode. E o Leeds United tem sido um bom exemplo disso mesmo, apesar de andar a meio da tabela da Premier League. Apesar do desaire em Anfield no primeiro jogo do Campeonato por 4-3, num verdadeiro hino ao futebol, a equipa comandada por Marcelo Bielsa ficou sinalizada pelos amantes do jogo mais puro e romântico, mesmo com tropeções inesperados pelo caminho. Com uma certeza: não há prognósticos possíveis antes do encontro, mesmo tratando-se de jogos contra equipas mais fortes. E entre todos os primeiros classificados, só o Manchester United não tinha perdido pontos contra o antigo campeão inglês na década de 90, goleando mesmo na partida em Old Trafford (6-2).

Um Big Mc(Tominay), a receita eficaz para uma Consoada feliz em Old Trafford

Agora, entre um dos momentos mais complicados da época, o Leeds United chegava com a melhor série sem derrotas da temporada entre uma vitória frente ao Manchester City no Etihad Stadium reduzido a dez e empates com Chelsea e Liverpool (além dos triunfos com Fulham e Sheffield United), tendo pela frente um Manchester United que levava também a melhor série de vitórias consecutivas na Premier League entre os triunfos com Manchester City, West Ham, Brighton, Tottenham e Burnley. E era de um reencontro adiado entre companheiros que se falava, com o ausente Raphinha a receber Bruno Fernandes num duelo “comentado” por Fred.

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“O Bruno tem falado sobre o Raphinha desde que chegou. Eles jogaram juntos no Sporting. É um grande jogador, está a fazer uma grande temporada, e vários clubes estão de olho nele. Conheci-o recentemente, é um bom tipo, excelente jogador, mas… Espero que não jogue contra nós. É um jogador estrela destacado do Leeds, por isso é claro que será melhor para nós se não estiver em campo”, contou o médio internacional brasileiro, antes de ser confirmada a ausência por lesão do ex-extremo leonino para o encontro deste domingo. Não havia Raphinha na lista oficial, não havia Paul Pogba na lista dos titulares. E Bruno Fernandes voltaria a ter no meio-campo atrás de si a dupla Fred-McTominay, sem hipóteses de contar com o francês que será uma das condições para renovar.

Segundo a imprensa britânica, o internacional português terá sido abordado para renovar o atual vínculo com os red devils (embora o atual termine apenas em 2025) e colocou como principal fator de decisão os projetos futuros que o clube tem no plano desportivo. Ou seja, e em resumo, mais do que questões salariais e de prémios, aquilo que o médio mais quer é garantias de que o Manchester United se vai reforçar para poder voltar a atacar com outras condições o título da Premier League, colocando para isso como ponto importante a manutenção de Paul Pogba no plantel, o campeão mundial de seleções com quem tem uma boa ligação dentro e de fora de campo.

“Quando o Bruno chegou estava lesionado, não estava a jogar. Quando voltei de lesão tive de me adaptar a uma equipa que já lá estava e que estava a conseguir bons resultados. Passei a jogar numa posição mais adiantada e acabámos por encontrar uma forma de jogarmos juntos, que passava por dar a bola ao Bruno, subir no terreno e tentar entrar na área. Encaixei-me muito bem com ele, adaptei-me bem ao seu jogo e ele também me entende a mim. Tem uma personalidade muito forte e nesta equipa precisas disso para poderes jogar e ser dominante como foi quando chegou. Ele fala muito, fala tanto, tem de falar: essa foi a primeira impressão que tive dele. Trouxe coisas novas para a equipa e para o clube, adaptou-se de forma instantânea. Toda a gente gosta dele e o seu futebol serve os interesses da equipa”, salientou o francês, em entrevista à Sky Sports.

Pogba entrou na segunda parte mas nem por isso conseguiu impedir o nulo num encontro onde o Manchester United teve mais oportunidades, jogou mais no meio-campo adversário mas nunca conseguiu quebrar a bem organizada formação do Leeds. Assim, a única boa notícia foi mesmo o prolongar do registo de encontros sem derrotas na Premier League a jogar fora (24, com 15 vitórias e nove empates), que coincidiu com a chegada de Bruno Fernandes ao conjunto orientado por Solskjaer – o último desaire foi em janeiro de 2020, em Anfield.

Depois de uma primeira parte com poucas oportunidades e onde o Manchester United, sendo melhor, fez apenas a diferença na bola parada em cantos (à procura de Maguire e McTominay) e livres diretos (Rashford obrigou Illan Meslier à melhor defesa do encontro), os red devils subiram linhas, conseguiram colocar mais vezes Bruno Fernandes em jogo na bola corrida e tiveram outra qualidade nas aproximações à baliza do Leeds, que chegou com perigo à baliza de Dean Henderson num remate de Hélder Costa que desviou ainda em Wan-Bissaka e passou muito perto da trave. No entanto, o nulo acabou por subsistir até final, deixando assim os visitantes a dez pontos do líder Manchester City quando faltam apenas cinco jornadas para o final da Premier League.