Dos cremes anti-envelhecimento aos voos orbitais com o patrocínio da Virgin Galactic, do champô para animais às leituras de mapas astrais, já houve espaço para todo o tipo de acessórios nos famosos goody bags que em cada edição dos Óscares mimam os 25 principais nomeados (atores, atrizes e realizadores). Num espelho fiel dos tempos, o seu recheio, nem sempre consensual e motivo de discussão, reflete tendências, prioridades e polémicas de cada ano — chegados a um 2021 marcado quer (ainda) pela pandemia quer por imperativos de “diversidade” e “inclusão”, o conjunto de ofertas estimado em 205 mil dólares (cerca de 170 mil euros) não escapa a esta toada.

“Quisemos que os sacos tivessem um objetivo maior do que apenas “aqui está um saco cheio de ofertas”, afirmou à Forbes Lash Fary, o fundador da Distinctive Assets, a empresa de marketing responsável pela composição deste conjunto de brindes para as grandes estrelas da noite. “Todos os sacos que estivemos a fazer incluem negócios detidos por mulheres, negros, empreendedores com algum tipo de deficiência e empresas que retribuem”, acrescenta. De resto, o nome do tote bag desta edição é claro: “Everyone Wins” é o lema, sendo que a vitória está ao alcance de um investimento que para alguns patrocinadores, dispostos a verem os seus produtos neste lote, pode ascender aos 25 mil dólares. A adesão mais modesta fica pelos quatro mil dólares.

É que nesta montra em jeito de souvenir as celebridades tanto encontram prosaicos biscoitos de chocolate como serviços altamente personalizados e luxuosos. A lista reservada para esta 93ª edição dos prémios da Academia inclui sessões de treino com o guru Alexis Seletzky, um procedimento de lipoaspiração com o cirurgião estético Dr. Thomas Su, e ainda consultoria garantida quando os nomeados decidirem construir a sua nova casa ou empreender uma renovação.

A People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) contribui com uma martelo especial para salvar cães presos em carros sobreaquecidos no interior

Tempos houve em que uma passagem pelo resort onde Gwyneth Paltrow e Chris Martin passaram a sua lua de mel no México, ou um cruzeiro na Antártida, se contavam entre os presentes. Com as viagens limitadas pelas novas regras trazidas pela pandemia, boa parte dos brindes centram-se na saúde e no bem-estar. E, sim, claro que as máscaras não escapam a esta equação, bem como as soluções intravenosas à base de vitaminas, para reforçar a imunidade, os suplementos alimentares e os anti-oxidantes, ou ainda as velas com óleos essenciais e um CD com ondas sonoras que reproduzem o efeito da acupuntura.

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O menu vai mais além, retomando uma tendência recente deste sacos, que não esquecem o extrato de canábis para cigarros eletrónicos (e vaporizadores com banho de ouro) ou as cápsulas com CBD. Os nomeados recebem ainda uma edição limitada do Don’t Cookbook, um irreverente livro que em vez de receitas compila uma série de QR codes para que possa num ápice localizar os restaurantes que lhe podem trazer cada uma daquelas iguarias a casa.

O livro de receitas ideal para quem não quer cozinhar

No capítulo das bebidas, a escolha passa por tequila, bourbon, ou vodka, mas se as estrelas preferirem soluções livres de álcool, há chá orgânico premium. Para um pouco de extravagância, um personal shopper especialista em ténis irá entregar aos presenteados três pares selecionados a partir das respetivas respostas num questionário de estilo.

Entre os brindes mais inesperados, conta-se um martelo de emergência da PETA, que permite resgatar cães presos em carros, o jogo “Poesia para Neandertais” e ainda um pedaço de arte digital que vale milhões, a mais recente moda dos famosos: NFT, a sigla para “Non-fungible token” (algo como ficheiro infungível).