O primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, acredita que os princípios do Pilar Social proclamados em Gotemburgo “não são apenas palavras” e “terão impacto na vida quotidiana” dos cidadãos, uma vez adotado o respetivo plano de ação, no Porto.

Anfitrião da anterior cimeira social, celebrada em 2017 na Suécia, e grande promotor, em conjunto com o então presidente da Comissão Jean-Claude Juncker, da proclamação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, Stefan Löfven, numa entrevista por escrito concedida à agência Lusa em vésperas da Cimeira Social do Porto, afirma-se “impressionado” com o trabalho que tem sido feito pela atual presidência portuguesa da UE para reforçar a implementação dos princípios proclamados em Gotemburgo.

Löfven diz por isso acreditar que a Cimeira do Porto, a 07 de maio, ajudará a impulsionar o Pilar Social, ainda que caiba aos Estados-membros implementar os seus princípios, que constituem o quadro de orientação para a construção de uma Europa social forte, justa, inclusiva e plena de oportunidades.

Os princípios acordados em Gotemburgo em 2017 são um testemunho importante de que os cidadãos da UE devem estar no centro do desenvolvimento europeu. É verdade que o Pilar Europeu dos Direitos Sociais deve ser implementado nos Estados-Membros, e tanto o plano de ação da Comissão como o seguimento da Cimeira do Porto demonstram que os princípios do Pilar não são apenas palavras. Terão impacto na vida quotidiana dos cidadãos europeus, tal como deveriam”, afirma o chefe de Governo sueco.

Para Löfven, a crise da Covid-19 veio apenas reforçar a importância da dimensão social da UE, até porque “a pandemia revelou o quão vulneráveis as sociedades podem ser e demonstrou que desafios como este só podem ser enfrentados com um trabalho em conjunto”, nem tão pouco apenas com a injeção de dinheiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Neste momento, estamos a concentrar-nos em combater a pandemia e em vacinar as pessoas. Mas também estamos a trabalhar no sentido de voltar a colocar as nossas sociedades e economias no bom caminho. Tomámos decisões importantes sobre o orçamento [plurianual da UE para 2021-2027] e o pacote de recuperação e agora temos de as implementar. Investir dinheiro não é a única resposta. Precisamos de combater o desemprego e equipar as pessoas com as competências de que necessitam para satisfazer as exigências futuras”, afirma.

O primeiro-ministro observa por outro lado que “também é evidente que os sistemas nacionais de segurança social têm um papel crucial a desempenhar”, sublinhando que, “em toda a Europa, os cidadãos devem estar confiantes de que receberão cuidados quando precisarem”.

“E nós precisamos de estar ainda mais bem preparados para novas crises”, acrescenta.

Sobre o plano de ação apresentado em março passado pela Comissão para a implementação do Pilar Social, que os líderes europeus deverão adotar no Porto, Löfven considera que vai no bom caminho, sobretudo por ter em conta as diferenças existentes no seio da União.

“Creio que os Estados-Membros devem estar no lugar do condutor quando implementamos o Pilar. Não existe um modelo social europeu de «tamanho único». Por isso, concordo plenamente com objetivos comuns que os Estados-Membros devem esforçar-se ao máximo por atingir, mas cada um à sua maneira, com base nas circunstâncias nacionais. O intercâmbio das melhores práticas, mas também a partilha dos desafios experimentados, pode ajudar-nos a desenvolver os nossos instrumentos e torná-los mais eficazes”, observa.

Enquanto anfitrião da anterior cimeira social, o primeiro-ministro sueco, também socialista, considera que o seu homólogo António Costa, presidente em exercício do Conselho da UE, dispensa conselhos.

“Sei que o primeiro-ministro Costa está muito bem qualificado para acolher a Cimeira Social e eu aprecio realmente a sua ambição de reforçar a implementação do Pilar Social nos Estados-Membros. Tenho acompanhado os preparativos e o trabalho da presidência portuguesa e estou impressionado. Por isso, penso que não precisam dos meus conselhos”, diz.

Ainda assim, e reiterando a sua plena confiança na capacidade do primeiro-ministro português de levar a água a bom porto, Löfven deixa uma recomendação, ou mesmo duas.

“Mas há algo que todos devemos recordar: não nos podemos preparar para tudo. O inesperado vai acontecer e, quando acontecer, é importante ser capaz de responder eficazmente e resolver os problemas à medida que estes ocorrem. E é importante manter os parceiros sociais por perto. Mas, conhecendo António Costa, estou certo de que estaremos todos em muito boas mãos no Porto”, conclui.