A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) alertou esta segunda-feira que a pandemia veio acentuar ainda mais a importância da vacinação na prevenção de doenças graves, lembrando que há vacinas que devem ser tomadas ao longo a vida.

“Esta pandemia veio acentuar ainda mais a importância da vacinação e da imunização contra doenças graves”, afirmou o presidente da APMGF, Nuno Jacinto, sublinhando que as vacinas são “uma das medidas de saúde pública com mais impacto e mais efetivas”, que previnem contra muitas doenças, algumas delas mortais e a esmagadora maioria contagiosas.

Em declarações à agência Lusa a propósito da Semana Europeia da Imunização, que arranca esta segunda-feira, o responsável recordou que a vacinação é importante não só na infância, mas também na idade adulta, dando como exemplo as vacinas da gripe, a pneumocócica e a do tétano.

“Nós estamos muito habituados à vacinação, sobretudo na infância, e questionamos menos, mas a vacinação do adulto também existe. (…) Grande parte das vacinas são feitas logo nos primeiros anos de vida, mas começamos já a ter vacinas no Programa Nacional de Vacinação [PNV] para os adolescentes, como a do HPV, agora também para os rapazes, e a pneumocócica, para os doentes de risco e idosos”, afirmou.

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Reconhecendo que muitas vacinas são administradas na primeira infância, o que “permitiu controlar muitas doenças infecciosas e baixar a mortalidade e morbilidade infantil”, o presidente da APMGF lembrou, contudo, que a vacinação “é eficaz sempre e ao longo da vida”.

Considera fundamental “continuar a passar a mensagem de tranquilidade, confiança e importância das vacinas”, que tem sido uma das prioridades nos cuidados de saúde primários.

“Essa foi sempre uma das áreas prioritárias nos cuidados de saúde primários. Sempre tivemos essa preocupação de manter ao máximo a vacinação e as vacinas do PNV, tal e qual como estavam prescritas. Foi sempre uma indicação que demos: ‘Se tiver vacina para fazer, por favor não atrase a vacinação'”, afirmou.

O especialista reconhece que com a pandemia houve algum receio da população em dirigir-se às unidades de saúde e, no início, alguma quebra na vacinação, mas diz que se conseguiu recuperar ainda em 2020 e que a informação que tem é a de que em 2021 “as coisas estão a correr como previsto”.

“É uma das áreas prioritárias na retoma da atividade dos cuidados primários e, portanto, é uma das áreas a que damos toda a nossa atenção e que, obviamente, vamos continuar a manter, independentemente da evolução da pandemia, porque não podemos descurar as outras doenças e não podemos descurar a vacinação”, afirmou.

Quanto às vacinas da gripe, considera-as essenciais “sobretudo nos grupos de risco”, frisando que na maioria dos restantes casos se trata de uma doença ligeira e autolimitada, que todos sabem identificar e até aplicar as medidas de proteção que entraram na rotina por causa da pandemia e que são válidas para todas as doenças contagiosas: uso de máscara, distanciamento, etiqueta respiratória e evitar contactos com outras pessoas quando se tem sintomas.

“Sobretudo nos grupos de risco, nos idosos e nos imunodeprimidos. Nesses merece muito a pena insistir nesta vacinação, porque aí não estamos a falar de doenças tão ligeiras, podemos ter complicações graves, internamentos, mesmo a morte”, disse.

Nuno Jacinto lembra que, mesmo nas vacinas contra a covid-19, com todas as incertezas relativamente aos efeitos secundários, “a vacinação suplanta em muito os riscos existentes”.

“Efetivamente, estas vacinas foram desenvolvidas num tempo recorde, um tempo muito mais breve do que o habitual nestas questões. Mas o que é um facto é que a evidência e os dados científicos apontam para que tenham enormes benefícios”, disse o responsável, acrescentando: “E nós já temos visto isso, com a diminuição, na população vacinada, dos internamentos, das doenças graves e da mortalidade”.