776kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Só Chiquinho é que soube afastar a má memória da tempestade (a crónica do Benfica-Santa Clara)

Este artigo tem mais de 2 anos

Numa exibição muito pobre, Benfica sofreu mas conseguiu vencer o Santa Clara: graças a um golo de Chiquinho, que marcou 15 minutos depois de entrar e voltou a mostrar que tem valor para mais minutos.

O médio português de 25 anos garantiu a vitória depois de entrar na segunda parte
i

O médio português de 25 anos garantiu a vitória depois de entrar na segunda parte

EPA

O médio português de 25 anos garantiu a vitória depois de entrar na segunda parte

EPA

Quando a retrospetiva da temporada 2020/21 for feita, será um daqueles momentos que não poderá faltar. A 3 de janeiro, logo nos primeiros dias do novo ano, o Benfica tinha uma sempre complexa deslocação aos Açores, para defrontar o Santa Clara. A chuva intensa que se fez sentir nas horas anteriores ao apito inicial deixou o relvado do Estádio de São Miguel totalmente impraticável e o jogo foi interrompido depois de uma tentativa de cerca de cinco minutos, completamente em vão, em que a bola não rolou, em que os jogadores não conseguiam ver além de dois ou três metros e em que Jorge Jesus pediu insistentemente que a partida não prosseguisse. No dia seguinte, as duas equipas voltaram a tentar — desta feita, com sucesso.

Ora, em janeiro e à segunda tentativa, o Benfica não foi além de um empate nos Açores. E esse jogo acabou por marcar o início da fase negativa que empurrou os encarnados para longe da liderança: depois da igualdade contra o Santa Clara, a equipa de Jesus venceu o Tondela e seguiu para uma série de três empates (FC Porto, Nacional e V. Guimarães) e uma derrota (Sporting). Foi um mês inteiro sem vitórias no Campeonato, de 8 de janeiro a 8 de fevereiro, que só terminou com um resultado positivo conquistado na Luz contra o Famalicão. O dilúvio de São Miguel, que pôs fim a um ciclo de quatro vitórias seguidas que o Benfica trazia nessa altura, abriu a porta ao pesadelo encarnado.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Benfica-Santa Clara, 2-1

29.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Benfica: Helton Leite, Lucas Veríssimo, Otamendi, Vertonghen, Diogo Gonçalves (Gilberto, 81′), Grimaldo, Weigl, Pizzi (Darwin, 68′), Rafa (Pedrinho, 81′), Everton (Chiquinho, 58′), Seferovic (Waldschmidt, 81′)

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Morato, Cervi, Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Santa Clara: Marco, Rafael Ramos (Jean Patric, 86′), João Afonso, Vilanueva, Mansur, Morita, Anderson Carvalho (Ukra, 86′), Lincoln (Nené, 86′), Carlos Júnior, Crysan (Rui Costa, 77′), Allano (Costinha, 77′)

Suplentes não utilizados: Rodolfo, Cristian González, Sagna, Rúben Oliveira

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Carlos Júnior (ag, 26′), Anderson Carvalho (62′), Chiquinho (73′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Weigl (90′), a Otamendi (90+2′)

Ora, é claro que esse mês sem vitórias na Liga não pode ser afastado do surto de Covid-19 que afetou a equipa nesse período — e que, segundo o treinador, retirou ao Benfica praticamente todas as possibilidades de lutar pelo título. “Tenho a certeza, mas não quero falar mais sobre isso. Já foi em janeiro. Estávamos a discutir o título, mas era se não tivesse acontecido. No futebol, não há muitos ‘ses’. Isto é como acaba, não é como começa. Neste momento, o Sporting tem vantagem sobre os dois rivais. O resultado contra o Gil Vicente tirou-nos alguma esperança de podermos chegar o mais perto possível do primeiro lugar. Não tenho dúvidas nenhumas sobre porque é que o Benfica perdeu estes pontos todos”, disse Jorge Jesus na antecâmara do novo confronto com o Santa Clara, desta feita na Luz mas novamente num dia de muita chuva em Lisboa, ainda que a meteorologia tenha dado tréguas nas horas anteriores ao apito inicial e durante o jogo, e com a curiosidade de ter também o mesmo árbitro de janeiro, Hélder Malheiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta segunda-feira, o Benfica tinha a oportunidade de alargar para cinco pontos a distância para o Sp. Braga, que perdeu com o Sporting durante o fim de semana, e ficar provisoriamente a três pontos do segundo lugar do FC Porto, que só defrontava o Moreirense mais tarde. Para isso, era preciso ganhar a um Santa Clara totalmente confortável na tabela, na sétima posição e ainda com uma natural ambição de chegar aos possíveis objetivos europeus. Sem Gabriel, que viu o quinto amarelo na goleada contra o Portimonense e estava castigado, Jorge Jesus voltava a contar com Weigl, que falhou a última partida para assistir ao nascimento da filha e estava de volta à titularidade. A novidade no onze encarnado era mesmo a ausência de Taarabt: o médio marroquino sofreu um problema físico e nem sequer constava da ficha de jogo, sendo substituído por Pizzi na zona do meio-campo, enquanto que Everton entrava no onze para ocupar o lugar que tinha sido do internacional português na última jornada, mais encostado ao corredor e no apoio a Seferovic. Waldschmidt e Darwin continuavam a começar no banco e mantinha-se a linha de três centrais. Do outro lado, Daniel Ramos tinha também uma ausência de peso — Fábio Cardoso, central e habitual patrão da defesa, estava castigado e era substituído por João Afonso.

Numa primeira parte em que o Santa Clara se apresentou totalmente descomplexado e com o claro objetivo de conquistar pontos, o primeiro remate pertenceu a Allano, que atirou de fora de área e ao lado depois de um bom esforço de Crysan no corredor central (6′). O avançado brasileiro acabou por ser o grande destaque da equipa de Daniel Ramos até ao intervalo, desequilibrando no corredor esquerdo nas transições rápidas e demonstrando uma facilidade em atirar à baliza que o Benfica, enquanto equipa, nunca conseguiu mostrar. Allano rematou outras duas vezes, primeiro novamente ao lado e na sequência de um ressalto (10′) e depois para Helton Leite encaixar, com um pontapé cruzado e rasteiro (24′). Pelo meio, Carlos Júnior também teve uma boa ocasião para inaugurar o marcador, ao atirar para defesa do guarda-redes encarnado depois de Rafael Ramos deixar Grimaldo para trás (18′), e o Santa Clara ia provocando muitas dificuldades ao Benfica na Luz.

Os encarnados atuavam com Pizzi na zona do meio-campo, à frente do Weigl, sendo que o internacional português dava sempre primazia às combinações com Grimaldo e Rafa. Everton tombava quase sempre na esquerda mas conseguia demonstrar uma mobilidade que lhe permitia aparecer muitas vezes em terrenos interiores e perto de Seferovic, deixando a ala totalmente à responsabilidade do lateral espanhol. A equipa de Jorge Jesus ficou perto de abrir o marcador em duas ocasiões, primeiro com um remate prensado de Everton na sequência de um bom esforço de Pizzi (9′) e depois com um pontapé do próprio capitão, rasteiro e na diagonal, após uma jogada coletiva com a participação de Grimaldo e Rafa. O jogo estava vivo, dinâmico e competitivo e transparecia a ideia de que qualquer uma das equipas poderia chegar à vantagem — até que o infortúnio bateu à porta do Santa Clara.

Na insistência depois de um livre cobrado já no meio-campo adversário, Everton entrou do lado direito da grande área açoriana e conduziu a bola até à linha de fundo para depois cruzar atrasado; Carlos Júnior, numa tentativa de intercetar o lance, cabeceou ao primeiro poste e colocou a bola dentro da própria baliza, naquele que foi o primeiro autogolo do Santa Clara esta temporada e o primeiro autogolo da carreira do avançado brasileiro (26′). A equipa de Daniel Ramos perdeu ligeiramente o norte nos instantes que se seguiram ao golo e quase sofreu o segundo, numa jogada em que Seferovic falhou a baliza totalmente sozinho, na pequena área e de forma escandalosa depois de um cruzamento de Diogo Gonçalves na direita (30′). Até ao intervalo, o Santa Clara recuperou o discernimento e Carlos Júnior ainda cabeceou ao lado (32′), Morita atirou por cima (39′) e Vertonghen impediu Anderson Carvalho de se isolar no último lance da primeira parte (45+2′).

O Benfica foi para o balneário a ganhar pela margem mínima mas sem qualquer pontapé enquadrado com a baliza, para além de que o Santa Clara registou mais ataques e mais remates, tanto para defesa de Helton Leite como para fora do alvo. Os encarnados fizeram 45 minutos sofríveis, apesar das oportunidades criadas para lá do autogolo de Carlos Júnior, e ficava a ideia de que o Santa Clara tinha toda a capacidade e vontade para ir atrás do resultado na segunda parte.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Santa Clara:]

O Santa Clara reentrou melhor na partida e colocou-se por cima do jogo nos instantes iniciais da segunda parte, com Crysan a obrigar Helton Leite a uma boa defesa num lance de insistência (52′) e Anderson Carvalho a atirar ao lado (54′). A pressão alta e intensa dos açorianos ia dando frutos e o Benfica perdia muitas vezes a bola na primeira zona de construção, ainda no próprio meio-campo, permitindo transições rápidas que deixavam o trio de centrais com muitas dificuldades para conter as investidas de Allano, Crysan, Carlos Júnior e Lincoln, principalmente.

À chegada à hora de jogo, o Benfica defendia em 5x4x1, com Seferovic a ser o único elemento a ficar mais adiantado quando o Santa Clara tinha a bola, e não pressionava o adversário, permitindo que Morita — o jogador que normalmente recuava para pensar e desenhar o jogo dos açorianos — tivesse todo o tempo do mundo para construir os ataques. Consciente de que a equipa estava a perder o controlo da partida e ainda não tinha sequer chegado à grande área de Marco na segunda parte, Jorge Jesus mexeu e trocou Everton por Chiquinho, para tentar espicaçar o setor ofensivo. Helton Leite voltou a segurar a vantagem, com uma enorme defesa a um livre direto cobrado por Rafael Ramos na esquerda (59′), mas os encarnados iam deixando que o Santa Clara apertasse o cerco. Até que aquilo que se adivinhava desde que o segundo tempo arrancou acabou por acontecer.

Lincoln, de carrinho, intercetou uma tentativa de passe longo de Otamendi, numa fase muito recuada do meio-campo do Benfica, e a bola sobrou para Crysan; o avançado dos açorianos foi até à linha de fundo e cruzou atrasado para a grande área, onde Anderson Carvalho, vindo de trás, atirou em força e junto ao poste para bater Helton Leite e estrear-se a marcar esta temporada (62′). Jesus reagiu com uma nova substituição, desta feita para trocar Pizzi por Darwin, e os encarnados conseguiram soltar-se ligeiramente da pressão que o Santa Clara vinha a aplicar até então, ainda que sem grande discernimento ou qualidade, sempre através de passes longos e raramente com lances coletivos. Chiquinho, porém, acabou por fazer a diferença.

Numa boa jogada de ataque, a primeira em toda a segunda parte, Rafa conduziu pela direita e deu depois largura no corredor, solicitando Diogo Gonçalves; o lateral cruzou rasteiro para a grande área e Chiquinho, vindo de trás e de primeira, colocou os encarnados a ganhar novamente no primeiro remate que a equipa de Jorge Jesus fez em toda a segunda parte (73′). Daniel Ramos reagiu ao golo com as entradas de Rui Costa e Costinha e o treinador encarnado respondeu com uma tripla alteração, colocando Gilberto, Waldschmidt e Pedrinho em campo.

Até ao fim, porém, já pouco aconteceu: à exceção da primeira defesa de Marco, que apareceu aos 89 minutos e depois de um cruzamento inofensivo de Gilberto que saiu à baliza, e dos cartões amarelos de Weigl e Otamendi, que deixam o alemão e o argentino de fora da próxima jornada. O Benfica sofreu mas conseguiu garantir a vitória em casa contra o Santa Clara, abrindo cinco pontos de vantagem para o Sp. Braga e colocando-se provisoriamente a três do FC Porto. Chiquinho, com um remate certeiro um quarto de hora depois de entrar em campo, foi o único que quis esquecer a memória da tempestade de janeiro em São Miguel: e voltou a mostrar, novamente saído do banco, que merece ser uma opção mais regular de Jorge Jesus.

Assine a partir de 0,10€/ dia

Nesta Páscoa, torne-se assinante e poupe 42€.

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver oferta

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine a partir
de 0,10€ /dia

Nesta Páscoa, torne-se
assinante e poupe 42€.

Assinar agora