Helton Leite, como guarda-redes de um dos “três grandes” do futebol português, não está muito habituado a fazer várias defesas nos jogos que não são contra o Sporting, o FC Porto e o Sp. Braga. Até esta segunda-feira e até ao Santa Clara: os açorianos forçaram o guardião brasileiro a seis intervenções, sendo que uma delas segurou claramente o resultado, com um grande voo depois de um livre direto cobrado por Rafael Ramos.
Só Chiquinho é que soube afastar a má memória da tempestade (a crónica do Benfica-Santa Clara)
O registo do antigo guarda-redes do Boavista, que nunca tinha feito tantas defesas numa partida do Campeonato, é o espelho daquilo que foi a visita da equipa de Daniel Ramos à Luz: o Santa Clara foi constantemente melhor do que o Benfica, teve várias oportunidades para ficar a ganhar mesmo depois de alcançar o empate e acabou traído por um remate certeiro de Chiquinho, que valeu os três pontos ao conjunto de Jorge Jesus mas deu uma nuance de injustiça ao resultado final. E o treinador dos encarnados tinha plena noção das dificuldades que a equipa teve dentro de campo ao longos dos 90 minutos.
“Jogo difícil, vitória difícil mas merecida. Sabíamos que ia ser difícil, tínhamos sinais deste Santa Clara, que perdeu nos últimos segundos com Sporting e FC Porto. Esta equipa tem uma ideia de jogo de ganhar, não é equipa que joga para perder por poucos, com bloco baixo. Vai à procura da vitória e pressiona. Impede muitas vezes que os adversários tenham qualidade de jogo e foi o que fizeram. Tivemos alguma dificuldade mas estávamos preparados. Nunca ficámos ansiosos. Falhámos novamente duas ou três ocasiões fáceis e concretizámos as mais difíceis. Parabéns aos jogadores do Benfica, neste final de Campeonato não é fácil ganhar pontos. O facto de termos feitos goleadas não é sinal de que sempre que jogamos vamos golear. Há que dar mérito as estas equipas e não tirar mérito aos grandes. Há aqui jogadores do Santa Clara que ninguém conhece mas eu conheço: um da seleção japonesa [Morita], outro da venezuelana [Villanueva], o Lincoln jogou no Grémio com qualidade. O futebol em Portugal está muito competitivo e espero que seja cada vez mais assim”, atirou Jesus na zona de entrevistas rápidas.
O Santa Clara terminou um jogo com 16 remates: igualou o registo do Paços Ferreira (1.ª volta) como adversário com + remates frente ao Benfica pic.twitter.com/XDC8ilRlX2
— playmakerstats (@playmaker_PT) April 26, 2021
O treinador do Benfica justificou depois as substituições que fez durante a segunda parte, detalhando a entrada de Chiquinho, que foi o primeiro a saltar do banco. “Começámos a ter dificuldades no corredor central. O Pizzi anda muito atrás da bola naquela zona e desposiciona-se. Há jogos em que não me importo, outros em que é mais difícil. O Julian [Weigl] a evitar o amarelo… Com o problema do Adel [Taarabt] e o Gabi [Gabriel] lesionado não temos muitas soluções mas o Chico tem treinado ali. Fez um golo bonito. Depois, as outras substituições: o Rafa já estava cansado, o Diogo também. Neste sistema os jogadores da alas correm muitos quilómetros. Temos de mexer neles. As restantes foi para estabilizar a equipa fisicamente”, acrescentou o técnico, que confirmou que, na próxima jornada e contra o Tondela, não poderá contar com Weigl e Otamendi, ambos castigados por acumulação de cartões amarelos, e ainda Taarabt, que terá sofrido um problema físico relacionado com o facto de estar a cumprir o Ramadão.
“Nesta altura do Ramadão, os jogadores têm esta cultura, esta religião, fazem o Ramadão… E não há milagres. Com a experiência que tenho, nesta altura se não os soubermos poupar eles lesionam-se. Estávamos a poupá-lo e mesmo assim lesionou-se”, indicou Jorge Jesus.
Nos 2 últimos jogos em casa, o ????Benfica fez um total de 2 remates à baliza adversária – e marcou 3 golos pic.twitter.com/E6sNyP0ZYt
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