O vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, afirmou, na sessão da Assembleia Municipal, que os gastos dos municípios para combater a pandemia da Covid-19 não são “um campeonato da despesa”.

“Isto não é um campeonato da despesa, em jogar milhões para cima da mesa sem fazer uma análise séria do que estamos a falar”, afirmou o vice-presidente, em resposta aos deputados municipais do PSD e PS, que criticaram a atuação da autarquia no combate à Covid-19 no decorrer de uma notícia divulgada na segunda-feira pelo Jornal Publico.

A social-democrata Mariana Macedo, que salientou o apoio “sem exceção” do partido a todas as medidas anunciadas pela autarquia, defendeu que a mesma “poderia ir mais além”.

“Não tem a ver com o valor do orçamento. O argumento tem sido que muitas vezes o poder central se esquece do Porto. Confirmamos isso em áreas evidentes em que o poder central não atual, mas esse argumento agora não colhe. A câmara do Porto ficou aquém do que era exigido para ajudar as famílias e alavancar a economia”, defendeu.

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Também a deputada Maria da Graça Laranjeira Vaz, do PS, lamentou “a surpresa negativa” da notícia, salientando existir “uma notória diferença entre as autarquias que têm apoios sociais e as que vivem de propaganda”. “Este município tem especiais deveres”, considerou a socialista.

Em resposta às deputadas, o vice-presidente da autarquia, que na sessão substituiu o independente Rui Moreira, enumerou uma série de medidas, tanto a nível social como de saúde pública, que foram ao longo do último ano implementadas pela autarquia.

A Câmara assume as suas responsabilidades e são públicas as medidas e apoios que temos concedido, desde logo, o programa de apoio ao arrendamento, o “Porto Solidário”, que só este ano terá um investimento superior a três milhões de euros“, disse, salientando também o programa “Porto Com Sentido”, os apoios ao associativismo, a linha de emergência, o cartão “Porto”, o hospital de campanha e a testagem nos lares.

Podem dizer que não chega. Estamos sempre a tempo de ouvir novas ideias, mas é que se fale sobre o temos. Sempre que ouço um deputado a assacar à câmara a responsabilidade, gostava de vos ouvir a pedir ao Estado, à Segurança Social. Não cabe à Câmara do Porto pagar tudo, peço desculpa, mas não cabe”, afirmou.

No tempo dedicado às declarações políticas, André Noronha, deputado do grupo municipal “Rui Moreira: Porto, O Nosso Partido”, disse ainda que a informação divulgada revela “um modo socialista” de “colocar dinheiro em cima dos problemas”. “Eles medem o que gastam e não medem a eficácia do que gastam”, disse.

Na sessão, a deputada Susana Constante Pereira, do BE, afirmou que apesar de não serem os valores “que importam”, a notícia mostra que “há mais uma opção de comunicação e menos de resposta de emergência direta e imediata”. “Temos muitos meses pela frente de gestão de pandemia e pedimos que as pessoas sejam postas em primeiro lugar”, disse.

Já o deputado Rui Sá, da CDU, afirmou ser importante a Assembleia Municipal do Porto escrutinar onde “é gasto do dinheiro”, salientando que fazer comparações com outras autarquias é “apequenar” o Porto.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.109.991 mortos no mundo, resultantes de mais de 147 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 16.965 pessoas dos 834.638 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.