O ministro da Economia defendeu esta quarta-feira que a Europa precisa de trabalhar articuladamente para assegurar a sua autonomia estratégica e resiliência, para garantir o bem estar dos cidadãos em caso de disrupções, como uma pandemia.

“O nosso modelo de produção, de abastecimento, de distribuição de bens pode ser posto em causa por fatores fora do nosso controlo”, começou por afirmar o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, na abertura da conferência “Guia de viagem a uma economia competitiva”, organizada pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação e pelo Ministério da Economia e da Transição Digital, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).

É preciso, também por isso, fazer um mapeamento daquilo que são as nossas fragilidades e trabalhar articuladamente para assegurar que somos mais autónomos, mais resilientes”, acrescentou o governante.

Siza Vieira deu o exemplo da falta de equipamentos de proteção individual na Europa, no início da pandemia, ou o navio que esteve encalhado no Canal do Suez, para ilustrar “como é frágil toda a rede global em que se apoia a economia europeia”.

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“É por isso que, num mercado aberto, num mundo que queremos global e que continue a ter possibilidade de estimular trocas […] o problema da autonomia estratégica da Europa se torna tão crítico”, apontou o ministro da Economia.

Assim, disse, aquilo que é preciso fazer para assegurar que os cidadãos da UE continuam a ter acesso aos bens de que necessitam é assegurar que as empresas europeias continuam a “manter o nível de produtividade e competitividade” que têm tido ao longo dos últimos anos, “mas isso exige mudança”.

Lembrando os principais pilares do plano de recuperação europeu, que tem como objetivo uma economias mais resiliente, “verde” e digital, Pedro Siza Vieira destacou a necessidade de investir recursos públicos “na construção de bens mais inovadores” e no acompanhamento das empresas, para que saibam tirar partido das tecnologias digitais para aumentar a sua competitividade.

“A melhor forma de construirmos uma economia inovadora, com empresas robustas e competitivas internacionalmente é trabalhar numa lógica de ‘cluster’, ou, se quiserem, de ecossistemas”, defendeu o governante.

O conceito de “cluster” foi também destacado pelo comissário Europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, que participou na conferência através de uma mensagem gravada.

O comissário considerou que os “clusters” aceleram a colaboração entre empresas e lembrou o “papel importante” que desempenharam relativamente à produção de vacinas contra a covid-19 na Europa.

“Queremos [Comissão Europeia] apoiar iniciativas que liguem ‘clusters’. […] Este é o tempo para moldarmos o destino de uma Europa digital, verde e resiliente”, sublinhou Thierry Breton.