O microssatélite português Infante, cujo lançamento esteve previsto para 2021, deixou de ter data para ser enviado para o espaço, para recolher dados marítimos e da superfície terrestre, assumiu esta terça-feira a empresa que lidera o consórcio do projeto.

“O facto de o lançamento do satélite ter saído do âmbito do projeto não significa que este não venha a ser lançado posteriormente, se o consórcio encontrar o contexto comercial favorável ao seu lançamento”, indicou, numa resposta escrita enviada à Lusa, a empresa aeroespacial portuguesa Tekever, líder do consórcio, quando questionada sobre o assunto.

A empresa não avançou com novas possíveis datas para o lançamento do microssatélite, cuja conceção de muitos dos seus componentes ainda está a ser validada. O “Infante” deverá ficar pronto em outubro, estima a Tekever.

Há dois anos, o presidente da Tekever, Ricardo Mendes, disse à Lusa que o satélite seria lançado pela China, previsivelmente em 2021, no quadro da participação do país no laboratório tecnológico STARlab, uma parceria público-privada luso-chinesa.

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Ricardo Mendes adiantou, na altura, que o envolvimento da China no “Infante” passava pelo lançamento e desenvolvimento de alguns sensores.

A empresa ainda menciona, na sua página na internet, 2020 como primeira data de lançamento do satélite, que deveria estar concluído em outubro do mesmo ano.

Em resposta à Lusa, a Tekever, líder do consórcio de empresas e universidades portuguesas responsável pelo desenvolvimento do satélite, refere que em julho passado “foi decidido retirar o lançamento do satélite do âmbito do projeto”, após “aprovação por parte da Agência Nacional de Inovação”.

A empresa justifica a decisão com alterações ao projeto inicial que levaram ao aumento do peso do satélite, de 25 para 75 quilos, “impossibilitando a identificação de uma oportunidade de lançamento em tempo útil no calendário do projeto“.

O montante inicialmente previsto para o lançamento do pequeno satélite, na ordem dos 350 mil euros, foi redirecionado para a produção de componentes do aparelho “mais potentes”, que permitam, nomeadamente, controlar melhor a sua altitude. No total, o custo do microssatélite (incluindo lançamento) estava estimado em cerca de 10 milhões de euros, grande parte suportado por fundos europeus.

O “Infante” é apresentado como “precursor de uma constelação” de satélites para observação da Terra e comunicações, com foco em aplicações marítimas”.