O Bloco de Esquerda (BE) pediu uma audição, com “caráter urgente“, do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e do empresário Marco Galinha, presidente da Global Media, devido à situação “de degradação laboral” vivida no grupo.

Em 21 de abril, a Global Media Group (GMG), que é acionista da Lusa, anunciou aos trabalhadores que iria avançar com o plano de apoio à retoma progressiva a partir da segunda semana de maio, que vai implicar cortes nos salários superiores a 1.995 euros brutos e redução de 30% do horário de trabalho.

Entretanto, em 27 de abril, o SJ denunciou atrasos no pagamento aos colaboradores do grupo que detém o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo, entre outros, relativos a fevereiro.

A par destas medidas, o grupo Bel [do empresário Marco Galinha], vem procedendo a aquisições, nomeadamente das participações do grupo Impresa na Lusa e na distribuidora Vasp”, refere o BE, no requerimento enviado à presidente da comissão parlamentar de Cultura e Comunicação, Ana Paula Vitorino.

O Bloco de Esquerda recorda que, em outubro, a Global Media anunciou um despedimento coletivo de 81 trabalhadores, 17 dos quais jornalistas, o que sucedeu após ter entrado em lay-off em abril de 2020, e “recebido 858 mil euros em ajudas diretas do Estado à comunicação social”.

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Salienta que “a acelerada degradação laboral num grupo de comunicação social com a importância deste exige escrutínio público e parlamentar, sobretudo considerando a dimensão das ajudas públicas de que vem beneficiando”, pelo que “é necessário que o Sindicato dos Jornalistas, bem como o presidente do Conselho de Administração da Global Media, Marco Galinha, venham à Assembleia da República para discutir o assunto”.

Em 28 de outubro, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deu luz verde à entrada de Marco Galinha na Global Media, que fica com cerca de 40% do grupo, depois de a Autoridade da Concorrência (AdC) ter pedido a emissão de um parecer relativo ao projeto de concentração de empresas, por via da qual a Páginas Civilizadas (empresa veículo detida e controlada pelo grupo Bel) pretendia adquirir o controlo da Global Media.

No parecer, a ERC adiantava que “as obrigações de pluralismo e diversidade do grupo Bel englobam o dever de reanimar o Diário de Notícias, respeitando os seus jornalistas e contratando novos profissionais”. O DN regressou às bancas como jornal diário em 29 de dezembro do ano passado.

Entretanto, o jornal digital Eco noticiou em 22 de abril que a Global Media registou prejuízos de 16,4 milhões de euros no ano passado, e que as receitas recuaram de 45,6 milhões para 33,2 milhões de euros, salientando tratarem-se de dados provisórios.

De acordo com um documento que Lusa teve acesso em novembro, a Global Media previa uma redução de 7,8 milhões nos custos salariais este ano, na sequência do despedimento coletivo.

No documento, a GMG adiantava que esperava reduzir os gastos operacionais, com todas as medidas de reestruturação, em cerca de 15 milhões de euros, já em 2021. Além disso, estimava para este ano um resultado operacional positivo e um lucro em 2022. A Global Media detém 23,36% da Lusa.