A taxa de incidência da Covid-19 entre os mais jovens é mais do triplo daquela que é agora observada entre os maiores de 80 anos. Naquilo que é uma inversão clara do que foi a curva pandémica antes do início da vacinação, é na faixa etária entre os 10 e os 20 anos que a Covid-19 mais se faz sentir com uma incidência cumulativa a 14 dias de 105 casos por 100 mil habitantes. Em contrapartida, entre os mais velhos, regista-se a mais baixa taxa do país, 31 casos por 100 mil habitantes, numa altura em que é também esta a faixa etária com maior proporção de vacinados.

Os dados foram revelados no mais recente relatório da Direção Geral de Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta sexta-feira, e que faz a monitorização das linhas vermelhas da pandemia.

No documento, sublinha-se que o risco de infeção é maior na faixa etária “onde o risco de evolução desfavorável da doença é baixo”, enquanto que acima dos 80 anos o “risco de infeção é muito inferior ao risco para a população em geral”. A incidência cumulativa no país estava, a 28 de abril, nos 68 casos por 100 mil habitantes em Portugal, “representando uma tendência estável”.

A análise global dos diversos indicadores, lê-se no documento, “sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”, já que a tendência de novos casos está estável e o Rt está em queda com valores inferiores ou iguais a 1 a nível nacional (0,98) e nas várias regiões de saúde do continente.

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Assim, considerando que o Rt apresenta uma tendência decrescente, poderá atingir-se a incidência de 60 casos por 100 mil habitantes no prazo de 15 a 30 dias. 

Variantes da África do Sul e de Manaus com transmissão comunitária ativa

Sobre as variantes encontradas em Portugal, o relatório dá conta de que a prevalência da variante inglesa foi de 90% entre 5 a 18 de abril, segundo a sequenciação genómica de amostras recolhidas. Mas não é a única: foram também detetados 68 casos da variante sul-africana (mais 14 casos desde o relatório anterior) e 85 casos da variante de Manaus (mais 42 novos casos). Sobre estas, e uma vez que os doentes não estão ligados entre si, o documento da DGS e do INSA conclui que há transmissão comunitária ativa. Já a variante indiana — três casos na região do Centro e três na região de Lisboa e Vale do Tejo — terá entrado no país através de vários portadores, segundo sugere a análise genética, com dois dos casos a serem importados.

“Foram identificados por confirmação laboratorial, até à presente data, 68 casos da variante B.1.351 (associada à África do Sul) e 85 casos da variante P.1 (associada a Manaus, Brasil), a maioria sem ligação epidemiológica estabelecida, o que suporta a existência de transmissão comunitária ativa desta variante”, lê-se no documento que revela ainda que os dados genéticos dos 6 casos associados à variante indiana “sugerem a existência de várias introduções distintas no país”.

Sobre a testagem, o documento mostra que a taxa de positividade está agora nos 1%, a nível nacional, “valor que se mantém abaixo do objetivo definido de 4%” e em queda. Em contrapartida, houve um aumento do número de testes realizados nos últimos 7 dias (21 a 27 de abril) com o valor a chegar aos 450.508.

O documento sublinha ainda que, nesse mesmo período de tempo, 98% das pessoas com diagnóstico Covid positivo “foram isoladas em menos de 24 horas após a notificação, e foram rastreados e isolados 81% dos seus contactos”. O processo de rastreamento contou, em média, com 125 profissionais por dia.

Por último, o relatório aponta que a proporção de casos confirmados notificados com atraso “mantém a tendência decrescente”, enquanto que o número diário de casos em Unidades de Cuidados Intensivos “revela atualmente uma tendência ligeiramente decrescente, encontrando-se abaixo do valor crítico definido (245 camas ocupadas)”.