Emanuele Sibilo tornou-se príncipe do crime organizado em Nápoles com apenas 17 anos. Em pouco tempo recrutou dezenas de adolescentes e formou um grupo que retirou o poder às grandes famílias da máfia italiana. Em junho de 2015, morreu com duas balas nas costas, disparadas por um rival. Agora, as autoridades destruíram o altar em sua homenagem, apesar da insistência dos moradores para que a “capela” continuasse de pé.

Filho de uma família humilde de artesãos, Sibillo não tinha padrinhos nem grandes posses econonómicas, mas em pouco tempo “conquistou” vários territórios da cidade de Nápoles. No entanto, a situação de Emanuele acabou por complicar-se e, em apenas dois anos, morreram 60 adolescentes do seu grupo, e outros 40 foram condenados a penas de prisão que, no seu conjunto, ultrapassam os 500 anos.

Conhecido como ES17, o jovem italiano queria ser jornalista, mas acabou a desestabilizar a máfia de Nápoles, denominada de Camorra, com a criação de um novo grupo criminoso.

Adepto das redes sociais, o “baby boss”, como acabou por ser apelidado, rompeu os cânones da máfia organizada, criando o caos em Nápoles.

Considerado um herói por muitos comerciantes por os ter libertado do pagamento do pizzo (um imposto que tinham de pagar à máfia para terem os negócios protegidos), Sibillo tornou-se num símbolo para Nápoles. Depois de morrer, os lojistas organizaram uma angariação de fundos para construir um altar de homenagem, local onde lhe prestavam culto como se fosse um santo.

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Esta quarta-feira, na sequência de uma diretiva que proíbe locais de culto a organizações e líderes de crime organizado, as autoridades da cidade avançaram com a destruição do altar do “baby boss”.

De acordo com a investigação do Ministério Público italiano, o altar, onde estavam até guardadas as cinzas de Emanuele Sibilo, poderá ter sido usado para fins criminosos nos últimos anos. Amigos e apoiantes do jovem negam acusações e dizem que não passam de mentiras das autoridades para terem motivos para destruir o local de culto.

A ministra do Interior italiana, Luciana Lamorgese, já tinha pedido, em várias ocasiões, para que os “altares” da Camorra fossem retirados da cidade.

O programa de intervenções continuará nas próximas semanas, “com o objetivo de restaurar o respeito pela legalidade com a remoção progressiva de monumentos ou outros símbolos que se encontram ilegalmente na via pública”, disse a Câmara Municipal de Nápoles.