É quase surreal mas é verdade: este sábado, o Manchester City fazia o sexto jogo consecutivo fora de casa. Desde o dia 10 de abril, quando recebeu o Leeds no Etihad, que a equipa de Pep Guardiola anda de malas aviadas, entre as deslocações a Paris e a Dortmund na Liga dos Campeões, as visitas ao Chelsea e ao Aston Villa na Premier League e ainda a final da Taça da Liga, em Wembley. Esta jornada, contra o Crystal Palace, o Manchester City encerrava este período e preparava-se para voltar a jogar em casa quase um mês depois, na próxima terça-feira, na segunda mão com o PSG.
E se jogar de três em três dias, constantemente, já é difícil em casa, jogar de três em três dias, constantemente, fora de casa é ainda mais complicado. “Tudo o que posso fazer agora é recuperar a equipa o melhor possível do jogo que tivemos em Paris. É o nosso sexto jogo fora seguido. São muitas viagens e estamos cansados em vários aspetos. Jogamos amanhã [sábado] às 12h30, não temos tempo extra para recuperar de Paris. Temos de nos concentrar naquilo que pudermos para garantir uma vitória importante e ficar mais próximos do que nunca de ser campeões depois de jogar durante 10 meses”, explicou Guardiola na antevisão da partida. Isto porque, este fim de semana e consoante o resultado do Manchester United, o Manchester City poderia tornar-se desde já campeão inglês.
As contas eram simples: o Manchester City tinha de vencer o Crystal Palace este sábado e esperar que o Manchester United, este domingo, perdesse em casa com o Liverpool. Qualquer outra conjugação de resultados não resultava. Mas o treinador catalão ainda nem sequer sabe se vai assistir à partida de Old Trafford. “Deixem-me viajar para Londres, tentar acordar bem e tentar ganhar o jogo. O resto não posso controlar. O Crystal Palace sempre foi difícil para nós. Não me lembro de um jogo fácil contra ele. Ganhar é tudo o que podemos fazer”, atirou Guardiola.
Ora, era então neste contexto que o City aparecia em Selhurst Park — com a possibilidade de ganhar a Premier League neste fim de semana, menos de 72 horas depois de vencer o PSG no Parque dos Príncipes e a poucos dias da segunda mão com os franceses, que pode garantir a primeira final da Liga dos Campeões da história do clube. De forma natural, e tendo em conta esse envolvimento europeu, Guardiola fazia várias poupanças: Rúben Dias, Gündoğan, De Bruyne, Bernardo, Mahrez e Foden começavam todos no banco, enquanto que Nathan Aké, Fernandinho, Sterling, Ferran Torres, Gabriel Jesus e Agüero eram todos titulares. Ou seja, João Cancelo era o único português no onze do City.
Numa primeira parte que não teve golos, o Manchester City dominou de forma genérica, com posse de bola, mas não conseguiu implementar a velocidade e a intensidade que é normalmente a sua imagem de marca. Benteke teve a primeira situação mais perigosa, com um cabeceamento ao lado (10′), Sterling provocou uma boa oportunidade ao tirar dois adversários da frente mas falhou o remate (17′) e o jogo manteve-se sempre a um ritmo moderado, sem grandes pontos de destaque. O City tinha algumas dificuldades na hora do último passe ou da finalização e o Crystal Palace, por outro lado, não estava a conseguir explorar a profundidade de Zaha e Townsend, desperdiçando várias situações em que poderia ter lançado o contra-ataque.
Gabriel Jesus ainda colocou a bola dentro da baliza, com um remate de primeira depois de um passe perfeito de Fernandinho, mas o golo foi anulado por fora de jogo do brasileiro (25′), Agüero atirou ao lado já dentro da grande área e Eze também falhou o alvo com um pontapé cruzado de fora de área (39′) — mas ninguém conseguiu inaugurar o marcador. Na ida para o intervalo, o City estava obviamente tranquilo mas também sabia que teria de fazer um pouco mais para garantir a vitória em Selhurst Park.
Na segunda parte, o Manchester City subiu ligeiramente o ritmo e permitiu menos bola ao Crystal Palace, criando desde logo uma boa oportunidade para marcar: Ferran Torres apareceu ao segundo poste a cruzar para a pequena área, depois de um enorme passe de Fernandinho, e acabou por ser Dann a evitar o desvio final de Gabriel Jesus (53′). O golo, porém, já não tardaria — e em apenas dois minutos a equipa de Guardiola resolveu uma partida que até estava bastante complicada. Agüero abriu o marcador, com um grande pontapé de pé direito depois de receber de Mendy (57′), e Ferran Torres aumentou a vantagem logo depois, com um remate rasteiro de fora de área na sequência de um ressalto originado por uma triangulação entre Agüero, Jesus e Sterling (59′).
Roy Hodgson respondeu com a primeira alteração da partida, ao trocar Riedewald por Schlupp, e Guardiola só mexeu a 25 minutos do final, com a entrada de Zinchenko para o lugar de Fernandinho. O Crystal Palace não esboçou grande reação à desvantagem e acabou por ser o City a ficar perto de voltar a marcar, principalmente através de um grande remate de João Cancelo que passou por cima da trave depois de uma assistência de calcanhar de Ferran Torres (74′) e outro pontapé ao lado de Sterling (83′).5
Ao sexto jogo longe do Etihad, o Manchester City poupou os habituais titulares e resolveu a partida com dois golos em dois minutos, ficando agora à espera do resultado do Manchester United para saber se é campeão inglês este domingo: se a equipa de Solskjaer perder em Old Trafford com o Liverpool, os citizens são bicampeões e conquistam o terceiro título em quatro anos.