GTI, GTD, GTE – estas são as siglas que a Volkswagen usa para identificar as versões mais potentes dos seus modelos, respectivamente a gasolina, gasóleo ou híbridos plug-in. A transição para a mobilidade eléctrica levou a marca alemã a criar uma nova sigla, GTX, que cumpre o mesmo princípio e se estreia no ID.4.

Até agora, todos os GT do construtor alemão diferenciam-se por pormenores estéticos mais desportivos, no exterior e interior, a que se somam mecânicas mais possantes para alcançar uma versão passível de utilizar de forma civilizada no dia-a-dia, mas capaz de responder pronta e eficazmente ao acelerador, sempre que o condutor decide optar por um ritmo com mais vivacidade. Ora, o ID.4 GTX não só é tímido na forma como adopta uma estética mais desportiva, como na comparação com os seus rivais directos, o Ford Mustang Mach-E GT e o Tesla Model Y Performance, perde (largamente) em potência, rapidez de aceleração e, um pouco, em autonomia.

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Por fora, são poucas as alterações que permitem diferenciar o GTX das versões mais calmas do ID.4. A sigla surge numa “asa” cromada que se estende pela porta da frente e no portão traseiro da bagageira, sendo complementada por jantes específicas de 20 polegadas (de série), 21″ em opção. E há mais componentes na cor da carroçaria. Por dentro, o carácter desportivo do SUV eléctrico alemão evidencia-se no recurso a bancos específicos com costuras a vermelho e as siglas GTX perfuradas, volante de novo desenho e também com o logótipo GTX, e revestimentos em pele sintética azul escuro (X-Blue), na parte superior do tablier e no forro das portas.

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Seria na mecânica que se esperaria que o GTX se afirmasse face às restantes versões. E fá-lo, mas pouco, atendendo ao potencial das motorizações eléctricas se acompanhadas de baterias à altura. Com um motor eléctrico por eixo (assíncrono à frente, síncrono atrás), para usufruir de tracção integral, o ID.4 mais desportivo debita 299 cv (220 kW) de potência, mas apenas durante 30 segundos. De resto, o accionamento fica sempre por conta do motor de 204 cv instalado no eixo traseiro, com o fabricante a justificar o “rastilho curto” do GTX com uma série de variáveis. Diz a Volkswagen que a potência disponível depende de vários factores (“a temperatura ambiente” é um deles) e que a potência máxima implica que a bateria esteja a uma temperatura entre 23 e 50ºC e com a carga acima de 88% da capacidade. “Qualquer desvio nos parâmetros mencionados anteriormente pode conduzir à redução da potência, a ponto de não ser possível usufruir da potência máxima”, explica o fabricante em nota de rodapé.

O ID.4 GTX anuncia 0-100 km/h em 6,2 segundos, valor exactamente igual ao seu homólogo na Audi, o Q4 e-tron 50 quattro. Só que enquanto este anuncia 497 km de autonomia, com o mesmo pack de baterias (82 kWh de capacidade bruta, 77 úteis), o Volkswagen fica-se pelos 480 km. Na comparação com a versão equivalente, apenas com tracção traseira (ID. 4 Pro Performance com a mesma bateria, o mesmo motor atrás de 150 kW e 520 km de autonomia), o GTX perde 40 km de autonomia (8%) entre visitas ao posto de carga devido à presença do motor dianteiro adicional.

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Mas o confronto que menos favorecerá a versão mais apimentada do ID.4, pelo menos no papel, é com o Mach-e GT e o Model Y. O SUV da Tesla, recorrendo a uma bateria de 75 kWh (ligeiramente mais “pequena” que a do VW), oferece tracção integral e 350 cv na versão Long Range, que anuncia 505 km de autonomia, 217 km/h de velocidade máxima (contra 180 km/h no ID.4 GTX) e 5,1 segundos de 0-100 km/h. Na versão Performance, o Y anuncia os mesmos 480 km de autonomia do GTX, mas passa pelos 100 km/h com arranque parado ao fim de 3,7 segundos (menos 2,5 segundos!). E coloca à disposição do condutor, não apenas durante 30 segundos, 480 cv de potência. Pelo seu lado, a versão mais potente e igualmente com tracção integral do SUV eléctrico da Ford, o Mach-E GT, anuncia 487 cv e 3,7 segundos de 0-100 km/h. O construtor norte-americano estima que a bateria de 98,8 kWh deverá assegurar uma autonomia de 500 km.

No que toca à operação de carregamento, o ID.4 GTX aceita carga até 125 kW em corrente contínua (DC), condição em que consegue armazenar energia suficiente para mais 300 km em 30 minutos. Já a Ford alimenta as suas baterias a 150 kW e a Tesla a 250 kW, garantindo este último fabricante ser capaz de ganhar 270 km em apenas 15 minutos ligados aos Superchargers da marca. Em corrente alterna (AC), todos eles carregam a 11 kW.