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Jovane, o soldado conhecido que entrou para vencer a batalha (a crónica do Sporting-Nacional)

Este artigo tem mais de 2 anos

Entrou para mexer e para desequilibrar, acabou com uma assistência e um golo. Jovane foi o herói do Sporting com o Nacional e os leões somaram mais uma vitória a quatro jornadas do fim da época (2-0).

Sporting CP v CD Nacional - Primeira Liga
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Jovane e Feddal, ambos já dentro dos últimos dez minutos, marcaram os golos da partida

NurPhoto via Getty Images

Jovane e Feddal, ambos já dentro dos últimos dez minutos, marcaram os golos da partida

NurPhoto via Getty Images

E por fim, três jogos depois, Rúben Amorim voltava ao banco do Sporting. Após três jornadas a ver as partidas da bancada, após duas vitórias e um empate, após uma boa resposta da equipa ao pior período desde o início da temporada, Rúben Amorim voltava ao banco do Sporting. E voltava sem passar uma esponja na suspensão de 15 dias, sem afirmar que nada fez e sem defender que não tem uma quota-parte de culpa no ambiente pesado que se tem vivido no futebol português esta época. Voltava, aliás, para fazer uma espécie de mea culpa.

“Cabe a todos nós melhorar o nosso comportamento. Eu, obviamente, não tenho sido o melhor dos exemplos. Cada um pode controlar o seu comportamento, eu tento fazer isso. Quando há uma expulsão, penso sempre que é a última, é para isso que trabalho. Faço esse trabalho mental, sabendo que, com a pressão do dia a dia do treinador, com a falta de público, que acho que é muito importante, existem alguns excessos. Mas também o facto de não se falar de futebol e de se falar noutras coisas dá jeito, às vezes. Dá jeito não se falar nos resultados, nos pontos de avanço, nos jogos que faltam. Às vezes pode ser uma distração para não falar no essencial. Cada um tem de olhar para si. Eu também olho, sei que não tenho sido o melhor dos exemplos. É a única coisa que posso prometer, não me sinto no direito de dar lições de moral a ninguém. Todos o fazemos, todos vivemos essa pressão, o que posso dizer é que vou dar o meu máximo para tentar melhorar e ser melhor no futuro”, explicou o treinador leonino, em declarações que foram um comentário ao seu próprio caso mas que não deixaram também de ser um comentário à suspensão de Sérgio Conceição, que só vai voltar ao banco do FC Porto na última jornada do Campeonato.

Ficha de jogo

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Sporting-Nacional, 2-0

30.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

Sporting: Max, Neto, Coates, Feddal, Pedro Porro (Gonzalo Plata, 73′), Daniel Bragança (Matheus Reis, 85′), João Palhinha, Nuno Mendes (Matheus Nunes, 85′), Pedro Gonçalves, Paulinho, Nuno Santos

Suplentes não utilizados: André Paulo, João Mário, João Pereira, Antunes, Eduardo Quaresma, Jovane

Treinador: Rúben Amorim

Nacional: António Filipe, Rúben Freitas, Pedrão, Rui Correia, Júlio César, Witi, Alhassan, Azouni (Rochez, 86′), Rúben Micael (Éber Bessa, 45′), Camacho (Nuno Borges, 75′), Riascos (Dudu, 84′)

Suplentes não utilizados: Riccardo, Danilovic, Koziello, Gorré, Bobál

Treinador: Manuel Machado

Golos: Feddal (83′), Jovane (gp, 90+2′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Alhassan (23′ e 67′), a Paulinho (31′), a Daniel Bragança (53′), a Éber Bessa (57′), a Júlio César (65′), a Rui Correia (90+1′); cartão vermelho por acumulação a Alhassan (67′)

Ora, no jogo do regresso do treinador, o Sporting recebia em Alvalade o Nacional, a lanterna vermelha da tabela e o grande favorito a descer à Segunda Liga no final da temporada. Depois das vitórias do Benfica e do FC Porto, este sábado, os leões sabiam desde logo que estavam obrigados a vencer para manter as distâncias para os principais rivais — principalmente para os dragões, que tinham ficado provisoriamente a três pontos depois de derrotarem o Famalicão no Dragão. A receção ao Nacional surgia depois de uma vitória para lá de moralizadora, em Braga, em que o Sporting venceu mesmo com um jogador a menos desde os 18 minutos e mesmo tendo passado grande parte do encontro a defender. “Mesmo com empates, a ansiedade e as dúvidas à volta da equipa, a atitude e compromisso deixam-me tranquilo”, garantia Amorim.

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Ainda assim, o treinador leonino não podia contar este domingo com três jogadores que estão habitualmente nas opções iniciais: o guarda-redes Adán, que viu o quinto cartão amarelo contra o Sp. Braga; o central Gonçalo Inácio, que foi expulso na Pedreira; e o avançado Tiago Tomás, que também completou uma série de cinco amarelos na jornada anterior. Obrigado a mexer no onze, Rúben Amorim lançou Luís Maximiano na baliza, de forma natural, e colocou Neto no lugar de Inácio, repetindo o trio ofensivo que tinha sido titular em Braga, com Pote, Nuno Santos e Paulinho. A grande surpresa foi mesmo a ausência de João Mário, já que o internacional português começava no banco, provavelmente para ter algum descanso, e cedia a titularidade a Daniel Bragança. Do outro lado, Manuel Machado só trocava Pedro Mendes, que não podia jogar por estar emprestado pelos leões, por Riascos, num Nacional que tinha vencido o V. Guimarães na jornada anterior, assim encerrando uma série terrível de 10 derrotas consecutivas.

O Nacional acabou por surpreender o Sporting nos instantes iniciais, ao apresentar as linhas mais subidas do que aquilo que seria expectável e a ter até o primeiro lance mais perigoso, com um grande remate de Camacho de fora de área que passou a escassos centímetros da baliza de Max (5′). Os leões, contudo, conseguiram responder com duas oportunidades: um pontapé de Daniel Bragança que passou por cima (7′) e um cabeceamento de Paulinho, que ganhou as costas da defesa depois de um cruzamento de Porro e obrigou António Filipe a uma grande intervenção (12′). A partir dessa jogada com Paulinho, a equipa de Rúben Amorim acabou por conseguir assentar e empurrar o Nacional para o próprio meio-campo — ainda que os madeirenses nunca abdicassem da estratégia que tinham trazido para o continente.

O Nacional defendia numa lógica de marcação individual, totalmente homem a homem, e não permitia que os leões avançassem pelo corredor central. João Palhinha e Daniel Bragança estavam muito tapados e passavam a maior parte do tempo virados de costas para a baliza, com o Sporting a ter muitas dificuldades para sair a jogar curto e a partir do trio de centrais, preferindo lateralizar sempre. O conjunto de Manuel Machado, porém, nunca arriscava e anulava todos os lances potencialmente perigosos com faltas: terminou a primeira parte com (19!), com Paulinho a ser o principal sacrificado. Sem a possibilidade de rendilhar jogadas e sair pela faixa central e de forma apoiada, os leões apostavam na profundidade, com lançamentos longos a partir da defesa que exploravam a velocidade de Pote e Nuno Santos e os movimentos inteligentes de Paulinho, entre os defesas.

Pote teve uma grande oportunidade dessa forma, ao receber um passe longo na grande área para depois atirar de pé direito, mas permitiu outra defesa de António Filipe (21′). Paulinho, que fez das melhores primeiras partes desde que chegou a Alvalade, ainda colocou a bola no fundo da baliza mas o lance foi anulado por fora de jogo de Pote, no início da jogada, quando o avançado português recebeu na zona do meio-campo (35′). Já nos descontos, o Sporting teve duas ocasiões para abrir o marcador, primeiro numa oportunidade muito confusa na sequência de um lançamento lateral de Nuno Mendes em que ninguém pareceu querer rematar (45+1′) e depois com um pontapé de Paulinho que acertou em cheio no poste (45+1′). Na ida para o intervalo, ainda sem golos, os leões tinham o ascendente da partida mas estavam a ser algo retraídos pela estratégia do Nacional, cujo claro objetivo era não sofrer golos e partir daí para algo mais.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Nacional:]

Na arranque da segunda parte, Manuel Machado mexeu e trocou Rúben Micael por Éber Bessa. E acabou por ser o brasileiro de 29 anos a ter a primeira grande oportunidade depois do intervalo: Coates cometeu um erro muito raro e permitiu que Bessa aparecesse sozinho na cara de Max, com o jovem guarda-redes do Sporting a ter uma intervenção importante para evitar o remate do adversário (46′). A partir daí, e tal como tinha acontecido na primeira parte, os leões assumiram a dianteira da partida e tentaram ir empurrando o Nacional, com Riascos a evitar um golo quase certo de Coates quando o central já espreitava ao segundo poste na sequência de um cruzamento de Pote na direita (52′).

Já depois de estar cumprida a primeira hoje de jogo, Rúben Amorim fez a primeira substituição e trocou Palhinha por Jovane, recuando Pote para os terrenos mais próximos de Bragança. Na primeira vez em que tocou na bola, Jovane criou desde logo uma oportunidade, ao atirar contra um adversário na grande área (63′), e mostrou aquilo que o treinador pretendia dele — um elemento que provocasse o um para um, que fosse para cima, que forçasse a organização defensiva do Nacional e não ficasse à espera de um espaço que poderia não aparecer.

Com menos de 25 minutos para jogar, o Nacional acabou por recolher as consequências da estratégia que tinha delineado, com muitas faltas e muita agressividade: Alhassan fez mais uma falta, travou um contra-ataque de Jovane e viu o segundo cartão amarelo, deixando os madeirenses em inferioridade numérica. Logo depois, Paulinho teve outra enorme oportunidade, ao rematar de primeira depois de um passe delicioso de Pote, mas António Filipe voltou a segurar o resultado (70′). A cerca de 20 minutos do fim, Amorim lançou Plata — a ideia original do treinador era tirar Neto para colocar o equatoriano mas acabou por ser Porro a sair, aparentemente com algum incómodo físico.

Nos 10 minutos finais, Coates já não deixou o ataque, com Nuno Mendes a cobrir a ausência do uruguaio e a completar o trio defensivo, e o Sporting acabou por conseguir chegar ao golo da vitória depois de muita insistência e de uma grande oportunidade de Pote que António Filipe voltou a defender (82′). No canto consequente e na insistência depois de um primeiro alívio, Jovane recolheu na esquerda da grande área e atirou um cruzamento perfeito para  o segundo poste, com Feddal a cabecear para dentro da baliza (83′). Amorim ainda lançou Matheus Nunes e Matheus Reis, para dar solidez e frescura à equipa, e os leões ainda tiveram tempo para aumentar a vantagem, com Jovane a sofrer e a converter uma grande penalidade já nos descontos (90+2′).

O Sporting venceu o Nacional em Alvalade e mantém os seis pontos de vantagem para o FC Porto, a apenas quatro jornadas do final da Primeira Liga. Para isso, muito pode agradecer a Jovane: num jogo que foi uma autêntica batalha campal, com 40 faltas e muita dificuldade para jogar curto e pelo chão, o jovem avançado foi lançado por Rúben Amorim para mexer, desequilibrar, provocar o confronto individual e, no fundo, fazer exatamente aquilo que fez. No fim, Jovane foi o soldado conhecido que entrou para vencer a batalha.

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