“O que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira”. A frase já foi utilizada várias vezes no futebol, já teve também outras adaptações a diferentes modalidades e chegou à Fórmula 1, tendo Lewis Hamilton como protagonista.
“Vou tentar estar o mais preparado possível, obviamente que vai ser preciso trabalhar muito nestes próximos dias para tentar perceber como estamos e como maximizar o fim de semana. Eu gosto mesmo de estar cá e gosto muito desta pista. A maior parte das outras pistas são muito planas, aqui há inclinações, em algumas curvas a única coisa que vês é o céu, não consegues sequer ver pista nem sabes muito bem onde estás. É muito desafiante. É uma pista em que podem ser usadas linhas diferentes e tudo isto torna-a excelente para correr. O último ano foi espetacular, muito também pelas condições que tínhamos. Estou feliz por estar de volta aqui. Disse no ano passado que esta é uma corrida que precisa de estar sempre no calendário”, destacou o britânico à Eleven Sports na sexta-feira, onde terminou o dia com o melhor tempo na segunda sessão de treinos.
“Só fiz uma boa volta em toda a qualificação, na Q2. Vento? Não, fui eu que não consegui o equilíbrio perfeito. Não foi uma volta limpa. Sete milésimos é muito pouco. 100.ª pole position? Não estava destinado a acontecer, o Valtteri [Bottas] esteve bem. Não foi a volta perfeita mas foi boa numa sessão difícil para todos, por ser um dia ventoso e com o asfalto escorregadio. Não queria conduzir uma mota aqui, não há aderência. Provavelmente levantava voo na curva 15. Não sei o que fizeram para tornar a pista pior. Vamos a cada vez mais circuitos em que parece que mudaram o asfalto que usam. Pedimos que voltem ao bom”, destacou este sábado o campeão mundial, após terminar a qualificação no segundo posto com os dois Mercedes à frente dos dois Red Bull.
Algo terá mudado mesmo na pista ou pneus, depois de um MotoGP que teve muito mais quedas do que é normal e de dois dias de queixas na Fórmula 1 sobre o asfalto, secundadas por Max Verstappen, por exemplo. Mas era neste rollercoaster do Algarve que estava a liderança do Mundial em jogo na terceira prova da época, a segunda depois de Ímola onde Hamilton acabou por ter alguma fortuna na forma como minimizou danos perante um domínio quase do início ao fim de Max Verstappen. E Hamilton, mesmo falando de novo nos pneus durante a corrida, não vacilou, somando a segunda vitória de 2021 e repetindo o triunfo do ano passado no Algarve.
A Mercedes dominou a corrida desde o arranque, com Bottas e Hamilton a conseguirem tapar bem as possíveis trajetórias de Verstappen e Carlos Sainz a aproveitar da melhor forma a boa saída para saltar para a quarta posição por troca com Sergio Pérez. Depois, um toque de Kim Räikkönen na traseira do carro do companheiro de equipa Antonio Giovinazzi danificou a asa dianteira e levou mesmo à saída de prova, obrigando à entrada em posta do safety car para um recomeço de loucos: Verstappen conseguiu passar Hamilton e subir ao segundo posto, Sainz caiu para a sexta posição, Lando Norris aproveitou a confusão para chegar a quarto.
O britânico foi pragmático até mesmo no momento em que foi ultrapassado pelo holandês, percebendo que não tinha nada a fazer naquele movimento e “aceitando” descer para a terceira posição evitando qualquer problema ou manobra de risco que condicionasse o resto da corrida. No entanto, e apesar dessa descida, o regresso aos lugares cimeiros foi mesmo uma questão de tempo e, à 20.ª volta, Hamilton já estava na liderança da corrida, à frente do companheiro na Mercedes, Valtteri Bottas. Apesar das trocas nas passagens pelas boxes, não mais o campeão voltou a ceder o primeiro lugar e ganhou de novo o Grande Prémio de Portugal, reforçando a liderança de um Mundial onde terá uma competição bem maior da Red Bull do que nas últimas temporadas, com Verstappen a trocar ainda de pneus para conseguir no final o ponto extra da volta mais rápida, que acabaria por ser anulada por ter ultrapassado os limites de pista na curva 14 em benefício de Valtteri Bottas.
Em paralelo, e naquela que foi a 15.ª vitória de um piloto que saiu da primeira linha da grelha em 18 edições do Grande Prémio de Portugal, há um novo recorde na Fórmula 1 a nível de pódios, com o 15.º a contar com Lewis Hamilton, Verstappen e Bottas (não necessariamente por estas posições). Hamilton igualou também os dois triunfos de Sterling Moss em Portugal, apenas superado por Alain Prost e Nigel Mansell. No Mundial, Lewis Hamilton passa agora a somar 69 pontos, mais oito do que Verstappen. Lando Norris, da McLaren, mantém a terceira posição com 37 pontos, agora mais cinco do que o outro piloto da Mercedes, Valtteri Bottas.