“Somos eletricistas, carpinteiros, consultores financeiros, mecânicos, etc. Mais do que isso, somos pais, irmãos, tios e filhos.” Foi com esta mensagem, partilhada no canal dos Proud Boys no Telegram — uma das poucas redes sociais que não baniu a organização de extrema-direita fundada em 2016 e que terá estado na origem do ataque de dia 6 de janeiro ao Capitólio —, que o responsável pelo ramo canadiano do grupo anunciou a sua dissolução, entretanto noticiada pela Reuters.

“Nunca fomos terroristas nem um grupo de supremacia branca”, garantiu ainda o administrador dos Proud Boys naquele país, numa mensagem que surge três meses após o governo canadiano ter decidido acrescentar o grupo à lista de organizações consideradas terroristas, ao lado do Estado Islâmico e da Al-Qaeda.

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“O Canadá não tolerará atos de violência ideológicos, religiosos ou de motivação política”, disse no início de fevereiro o ministro Bill Blair, responsável pela pasta da Segurança Pública e Prontidão de Emergência. Segundo as palavras do próprio Blair, os Proud Boys seriam uma “organização neo-fascista que se envolve em violência política”, cujos membros advogam “ideologias misóginas, islamófobas, anti-semitas, anti-imigrantes, e/ou de supremacia branca”.

Fundados há cinco anos por um canadiano a viver nos Estados Unidos — Gavin McInnes, escritor e ex-jornalista que anos antes tinha ajudado a pôr de pé a Vice Media e que entretanto abandonou o grupo em 2018 —, os Proud Boys, considerados pelo FBI um grupo extremista, manter-se-ão ativos nos EUA, onde são recorrentes as notícias sobre confrontos com ativistas do movimento Black Lives Matter.

Os Proud Boys Canadá fizeram-se notar pela primeira vez em julho de 2017, quando interromperam, vestidos com os pólos Fred Perry que o grupo elegeu como farda, uma cerimónia indígena junto à estátua de Edward Cornwallis, o controverso fundador de Halifax, na Nova Escócia, que no século XVIII terá oferecido recompensas a todos quantos assassinassem nativos Mi’kmaw. Em janeiro de 2018, depois de uma votação do conselho regional, a estátua de Cornwallis foi retirada da praça no centro da cidade que lhe dava nome e guardada num armazém.