José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, morreu esta terça-feira, aos 58 anos, segundo o Jornal de Notícias. O homem que era conhecido como a voz dos pescadores teve um AVC hemorrágico em novembro e estava internado desde essa altura.

A vida no mar começou cedo, com nove anos, num barco de madeira, mas alguns anos mais tarde resolveu criar a associação que presidiu. Era o “mestre” e o “bombeiro de serviço”, porque, segundo o JN, fazia um pouco de tudo, desde tratar de burocracias a dar apoio jurídico e era também o primeiro a chegar na hora da tragédia.

José Festas fica ainda para a história como o homem que dava a cara pelos pescadores junto do poder, chegou a exigir dragagens, bem como mais investimento na segurança. Em 2006 — num dos momentos mais difíceis da pesca em território nacional, quando seis pescadores das Caxinas morreram a 50 metros da Praia da Légua, em Alcobaça –, o “mestre” foi sozinho para a capital e exigiu ser recebido por ministros e Presidente da República.

Em 2017, o Presidente da República condecorou a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar como Membro Honorário da Ordem do Mérito.

Primeiro-ministro salienta “lutador” em defesa dos pescadores

O primeiro-ministro lamentou a morte do mestre José Festas, considerando que foi um lutador em defesa dos pescadores e de todos os profissionais ligados ao mar. José Festas, pescador e dirigente associativo natural de Vila do Conde, no distrito do Porto, morreu aos 58 anos, vítima de doença.

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“Foi com pesar que tive conhecimento da morte de José Festas, o mestre Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar. Um lutador na defesa dos pescadores e de todos os profissionais ligados ao mar”, escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.

José Festas estava à frente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar há quase 14 anos, desde que esta instituição foi criada, em 17 de maio de 2007, lutando por medidas de proteção no trabalho de armadores, pescadores e outros profissionais e não profissionais ligados à vida do mar.

O pescador e dirigente associativo, popularmente apelidado de “mestre Festas”, viu a associação que liderava ser agraciada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o título honorário da Ordem do Mérito, em maio de 2017.

A nível local, José Festas foi distinguido duas vezes pelo município de Vila do Conde, com a Medalha de Mérito Singular e com a Medalha de Mérito ao Associativismo.

A Câmara Municipal de Vila do Conde manifestou “profundo pesar” pela sua morte.

Chefe de Estado-Maior da Armada destaca “princípios encorajadores” do “mestre”

Também o chefe de Estado-Maior da Armada lamentou a morte de José Festas e destacou uma “herança de princípios encorajadores”.

“O ‘mestre Festas’ deixa-nos uma herança de princípios encorajadores, sobretudo nas comunidades marítimas e piscatórias que enfrentam diariamente o desafio de apitar à Faina e rumar em direção ao horizonte na esperança de um regresso são a casa”, referiu o almirante António Mendes Calado, em comunicado divulgado na noite de terça-feira.

O chefe de Estado-Maior da Armada (Marinha) endereçou as condolências aos familiares e amigos de José Festas e disse que tem a certeza de que “o exemplo do ‘mestre Festas’ continuará a inspirar todos os que trabalham para garantir que Portugal usa o seu mar em segurança”.