Mais de metade das pessoas que vivem em democracias acredita que as suas liberdades individuais foram excessivamente restringidas nos confinamentos e noutras medidas tomadas na luta contra a pandemia, revela uma sondagem feita em 53 países pela Fundação Aliança de Democracias, uma fundação sem fins lucrativos fundada por um ex-primeiro-ministro dinamarquês e que se dedica a promover o avanço da democracia no mundo.

A sondagem ouviu mais de 50 mil pessoas em 53 países, segundo a Reuters, e constatou que 58% dos inquiridos dizem-se globalmente satisfeitos com a resposta que os respetivos governos deram à pandemia. Porém, 53% das pessoas que participaram neste estudo de opinião consideram que as suas liberdades pessoais foram demasiado restringidas, designadamente quando se fala nas ordens públicas de confinamento obrigatório.

“Precisamos de sair desta pandemia de Covid-19 com mais democracia e mais liberdade para as pessoas”, defende Anders Fogh Rasmussen, fundador e presidente da Fundação Aliança de Democracias, que realizou esta sondagem com a ajuda de uma empresa de inteligência artificial, a Latana. A sondagem foi feita sobretudo em países democráticos, onde existem diferentes partidos políticos, mas também em países como a China, a Arábia Saudita e a Venezuela.

O estudo revela, também, que quase um em cada três pessoas (64%) veem a desigualdade económica como a principal ameaça às democracias onde vivem e aos regimes democráticos, no geral. Nos EUA, porém, os inquiridos atribuíram um risco maior à influência que as grandes empresas tecnológicas (as Big Tech), como Faceboook e Google, podem ter nas sociedades.

De acordo com a sondagem, a este respeito, 62% dos inquiridos consideraram que as redes sociais tiveram um impacto positivo nas democracias, mas nos EUA essa percentagem é de apenas 41%. Em países como a Venezuela e Hong Kong essa perceção positiva é muito mais positiva, acima de 70% em ambos os casos, países onde as redes sociais são ferramentas essenciais para organizar manifestações em prol da democracia.

Um outro dado curioso revelado pela sondagem é que quase metade dos inquiridos, a nível global, consideram que é dos EUA que vêm as maiores ameaças à democracia como um todo – seja pela perceção em torno do regime político, seja pelo facto de as maiores empresas tecnológicas serem norte-americanas. Por outro lado, 38% dos inquiridos receiam que a China poderá ter uma influência negativa para as democracias a nível mundial, ao passo que 27% elegem como maior preocupação a Rússia.

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