Rúben Amorim teve um jogo atípico frente ao Rio Ave. Primeiro, e logo à partida, porque esteve no banco e não na bancada, depois de saber umas horas antes que o Tribunal Central Administrativo do Sul tinha deferido a providência cautelar enquanto o Tribunal Arbitral do Desporto forma o colégio arbitral para analisar o recurso à suspensão de seis dias aplicado pelo Conselho de Disciplina da Federação pelas declarações após o final do jogo com o FC Porto, em outubro. Depois, porque iria defrontar várias caras conhecidas, incluindo o ex-companheiro Fábio Coentrão com quem chegou a “chocar” na primeira parte enquanto davam um abraço. Por fim, porque uma imagem no final do encontro mostrou o treinador com uma lágrima no canto de olho.

Paulinho escavou, procurou e encontrou, tal qual Indiana Jones que descobre um tesouro (a crónica do Rio Ave-Sporting)

Título à vista? “Gostava de dizer outra coisa mas não, é mesmo alergia há umas duas semanas. Alergia, herpes… Emociono-me, sou um rapaz sensível até mas não, agora é mesmo alergia…”, comentou entre sorrisos o técnico verde e branco, que não desfez o discurso do “próximo jogo” porque faltam ainda quatro pontos para o título (ou seja, mais um do que o dia em que se irá assumir como candidato) mas que admitiu, ainda na flash interview da SportTV, que o apuramento direto para a fase de grupos da Liga dos Campeões constituiu para já um alívio.

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“Eu fui pago para fazer o meu trabalho mas admito que me dá conforto, principalmente pelo presidente e pelo Hugo Viana. Eu lido bem com isso mas foi muita pressão, muito dinheiro. Eles arriscaram muito e acho que retribuiu. Sinceramente, dá-me conforto”, explicou, a propósito do pagamento da cláusula de rescisão de dez milhões de euros que tinha no Sp. Braga (a que se somariam ainda cerca de quatro milhões de juros).

“Sabíamos que era um jogo muito perigoso, o Rio Ave quis sempre sair a jogar e nós estávamos preparados para isso. Podíamos ter feito mais golos. Ganhámos num campo difícil e a vitória é justa. O Rio Ave mudou a sua forma de sair a jogar, nós demoramos um bocadinho a ajustar. Entrámos bem, não deixamos de correr, não facilitámos, mas o Rio Ave esteve bem e nós ajustamos bem a nossa pressão”, frisou, antes de falar do recorde de jogos sem derrotas no Campeonato: “Diz que sou um sortudo por ter jogadores que sabem das suas limitações, mas têm um coração muito grande. Honrámos o nosso clube. Soubemos sofrer e crescer durante a época. Conquistámos um lugar na Champions que era importante para o clube ter dinheiro. Agora é continuar, falta um jogo”.

“Mensagem para os adeptos? Digo que têm de descansar bem, usufruir da família, porque daqui a uns dias têm mais duas horas de sofrimento. Eles têm de se preparar, sabendo que podemos perder pontos com qualquer equipa. É preparar bem porque o sofrimento vem aí”, concluiu na zona de entrevistas rápidas da SportTV, falando sobre os adeptos fora do estádio que conseguiam apoiar de forma audível a equipa no interior.